Dicas e sites para portfólios

julho 1, 2009

Aloha!

Em dezembro de 2008, tive a satisfação de conhecer a Cíntia, brasileira que trabalhava no Canadá. Após muita conversa, convidei ela a escrever um artigo sobre portfólios impressos para o LogoBR que, muito pronta e gentilmente, aceitou. Por isso, antes de mais nada, obrigado Cíntia! Espero que me perdoe pela demora.

Bem ela me escreveu e me enviou (isso me janeiro de 2009). Demorei um pouco para publicar pois eu queria escrever uma parte do artigo, que seria dedicado a dicas de sites que hospedam portfólios. Seis meses depois, cá está o post! 😀

Ressalto que o artigo foi escrito pela Cíntia por isso os créditos são todos dela. Somente a parte dos sites é que foi escrita por esse pequeno garato. Espero que gostem!

==========

Dicas para Portfólios

Um portfólio bem feito abre muitas portas, enquanto um “meia-boca” com certeza prejudica sua probabilidade de sucesso. O seu portfólio é a única forma que um cliente tem de analisar o seu trabalho, muitas vezes sem que você possa apresentar ou explicar as peças. Por isso, você deve usar algumas técnicas que farão você se destacar dentre a multidão, mostrando sua criatividade, suas habilidades e a variedade de técnicas, sem esquecer aquele toque especial que vai dar personalidade ao seu trabalho.

Definindo o tipo de portfólio
Defina qual o tipo de portfólio que você quer e qual o seu propósito. É para um estágio? Um primeiro emprego? Para cada situação você vai precisar de um tipo de apresentação, por isso pense bem e escolha o tipo mais adequado. Se for uma entrevista, por exemplo, pense em levar uma cópia do currículo e uma cópia impressa do portfólio que possa ser deixada com eles. Se você não for se encontrar pessoalmente com o cliente, considere enviar um CD ou DVD (certifique-se de etiquetar a mídia e a caixinha com uma etiqueta personalizada que inclua seu nome, endereço, telefone e email) ou mostrar seu portfólio online (esse último que vamos falar mais a diante).

Escolhendo o tipo de pasta
O tipo e o tamanho da pasta que você escolher são fundamentais para se decidir o que vai ter dentro. A pasta não precisa ser cara e extravagante, mas tem que parecer profissional, limpa e organizada. Se você deseja imprimir peças em tamanho grande para mostrar detalhes, escolha uma pasta maior desde o início. Mantenha uma consistência com o tipo de papel que você usa de fundo e a posição das peças no papel, o portfólio tem que ter fluência, para não distrair o cliente e para mostrar seu nível de organização e critério linear.

Escolhendo as peças
Escolha uma variedade de trabalhos, mas só as peças memoráveis. Procure mostrar toda a diversidade de projetos que você já trabalhou e as ferramentas que você utiliza. Limite o número de amostras que você vai apresentar, no máximo 15. Não adianta ter muitas peças razoáveis. Melhor ter poucas excelentes. Em vez de cansar o cliente, deixe-o com aquele gostinho de quero mais. Se possível, tente mostrar o processo evolutivo de alguns trabalhos, como um “antes e depois”, para exemplificar sua contribuição no projeto, suas habilidades, seu critério de trabalho.

Organização
Organize suas peças de acordo com a descrição da vaga de trabalho e das tarefas. Um portfólio deve sempre ser fácil de atualizar e modificar.  Quanto mais atual, melhor, e quanto mais fácil de ficar atualizando, melhor ainda. Escolha as peças que tem mais a ver com o perfil da vaga – se for uma revista, escolha projetos de diagramação, por exemplo.

Começa forte, termina mais forte ainda
Você com certeza quer deixar uma boa primeira impressão no cliente, escolhendo uma peça excelente para começar a pasta, mas a qualidade tem que aumentar com o passar das páginas. O fim do portfólio é tão importante quanto, senão mais do que o começo, pois você vai deixar fresco na memória do cliente que você tem trabalhos excelentes!

Apresentação
Tenha certeza de que a qualidade de impressão é boa, que não tem nada descolando, sacudindo, saindo do lugar. Se for incluir currículo, coloque no final, junto de outros impressos que não sejam peças criativas.

Portfólio online
Crie um único portfólio online (de preferência com o seu primeiro e ultimo nome como o domínio do site) com várias de suas peças – dessa vez você pode colocar mais, pois o cliente escolhe quais peças quer ver.  Se você criar thumbnails das peças fica ainda mais prático para o usuário visitar as peças que lhe chamar mais atenção. O portfólio online é bem mais fácil manter atualizado do que o impresso, e é o portfólio que tem mais alcance, pois pode ser visto por clientes do mundo inteiro. Por isso, faça um teste com amigos ou até desconhecidos para saber se seu site está fácil de usar ou se tem peças desinteressantes que possam cair fora da lista. Cuidado para não colocar imagens desnecessariamente pesadas para não comprometer o carregamento e fazer com que o cliente desista de ver suas peças e parta para outro portfólio.

Aqui, eu (Daniel) deixo como dica alguns sites que oferecem um ótimo serviço de hospedagem gratuita de portfólios, bastante apenas você escolher o que melhor se adéqua as suas necessidades. De alguns vou falar mais, de outro somente os links, mas todos são muito bacanas! 😉

krop

Site: Krop
Exemplo: Dan Abrams
Idioma: EN
Tipo: Free e pago

Segundo eles, “portfólio profissional não é lugar de fazer amigos, de ter comentários ou de publicidade.” Com uma declaração como essa, você já imagina o naipe do serviço que tem, entre seus usuários, Dan Abrams. Com um visual com jeito “Apple de ser”, o site é um ótimo e belíssimo serviço. Como é de se esperar, as contas free tem limites: 10 imagens. Pode ser usado com uma espécie de “Portfólio Premium”.

zuinn
Site: Zuinn
Exemplo: Bruno Tavares
Idioma: PT
Tipo: Free

Esse projeto sensacional e 100% brazuca te dá a oportunidade de ter um portifa em Flash sem nem mesmo saber o que é ActionScript. Você só precisa de uma conta no Flickr que o Zuinn faz todo o resto. Além disso, ele coloca na sua página principal todos as suas atuzlizações no Twitter.

behance
Site: Behance
Exemplo: David Pache
Idioma: EN
Tipo: Free

O Behance é um rede de profissionais criativos. Sem limites para upload, ele oferece uma vasta gama de customização, grupos de discussão e inspiração e contato direto com outros grandes profissionais do design. Apesar de ser um inglês, já tem um grande numero de brazucas por lá. (Texto do LOGOBR sobre o Behance)

deviantart

Site: DeviantArt
Exemplo: Raven30412
Idioma: EN
Tipo: Free

O DeviantArt é adorado por uns e odiado por outros. Independente disso, é um lugar bacana para hospedar suas criações. Eu, particularmente, não aconselho a enviá-lo a clientes, acho muito confuso o site. Porém, não deixa de ser um boa opção.

carbonmade

Site: Carbonmade
Exemplo: Cíntia Stela
Idioma: EN
Tipo: Free e pago

O Carbonmade é simples e direto ao ponto. Nele você pode subir até 35 imagens com textos e links diversos. Ele também te dá uma página About simples, onde você coloca seus dados e contatos. Para subir mais que 35 imagens, você precisará de algumas doletas. Uma boa opção pra quem tem um portfólio pequeno e não quer nada extravagante.

Finalcrit

Site: FinalCrit
Exemplo: Matthew Brooks
Idioma: EN
Tipo: Free

Considero uma versão do Carbonmade. Nele você pode carregar o seu logo que fica no canto direito inferior, um diferencial.

designUp

Site: DesignUp
Exemplo: Emerson de Souza
Idioma: PT
Tipo: Free

Outra opção em português pra galera não tão familiarizada com o inglês. Tem local para anuncio de vagas, bookmarking e inspiração.

Outros sites de portifólios:

CGportifólio (EN, Free)

FigDig (EN, Free)

Clube de Criação Web (PT, Free)

CoroFlot (EN, Free)

CreativeFolks (EN, Free)

Referências externas (em inglês):

Ultimate Guide To Using WordPress For A Portfolio

How To Build Your Own Single Page Portfolio Website

7 Ways to Build Trust on a Portfolio Site

Create a Grid Based Resume/CV Layout in InDesign

12 Steps to a Super Graphic Design Portfolio

How to Make a Design Portfolio

Design Portfolio Tips

10 Tips On Creating A Design Portfolio, From 10 Yetis

The Good, the Bad, and the Ugly of Portfolios

Aquele toque especial
Mesmo tendo um portfólio impecável, você ainda estará competindo com centenas de outros designers famintos, e é aí que entra o seu toque especial. Para se destacar dos demais, você tem que mostrar aquele extra. Composições que possuam uma variedade de técnicas, cores e escalas farão o seu trabalho se sobressair. Mostre que você raciocina, conceitualiza, busca significado. A qualidade do trabalho é muito mais importante do que uma apresentação extravagante. O trabalho tem que falar por si só.

Mostre a sua personalidade, pois assim você será mais facilmente lembrado. Não se faça de sabedor de tudo, apenas do que você realmente sabe. Reconheça seus pontos fortes e fracos que você será muito melhor visto. Se você é mais mídia impressa do que web e precisar de um programador, é só terceirizar um.

Se você parar agora e gastar um tempinho analisando e revendo o seu trabalho, e montar um portfólio bem pensado, você verá a recompensa a curto e longo prazo durante toda a sua carreira.

Mãos a obra e boa sorte!

Se alguém souber de mais algum seviço que vale a pena experimentar, não esqueça de deixar o link ali nos comentários para todos. 😉

Sobre a Cíntia: Cintia Stela é brasileira, nascida em São Paulo. Se formou em Comunicação Social em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Cásper Líbero em 2006 e cursou o primeiro ano de Design na Escola Panamericana de Arte em 2005. Estagiou em empresas de Pesquisa de Mercado e em 2004 iniciou como assistente de arte na agência Café Comunicação. Trabalhou também nas agências Smart Propaganda e R2Mix Comunicação Integrada até março de 2008, quando foi para o Canadá para estudar inglês e trabalhar como designer em uma pequena agência de Vancouver. Para conhecer mais seu trabalho, visite seu portfolio online www.cintiastela.carbonmade.com, que em breve mudará para o domínio www.braindrops.com.br.

Propaganda Nazista: Design e Comunicação

junho 17, 2009

Aloha!

Como vocês estão? Espero que muito bem.
Pessoal, a partir de quinta-feira estarei algumas semanas sem computador, por isso estou adiantando hoje um post sensacional pra vocês, espero que gostem!

Até o ano passado eu desconhecia a forma como a comunicação, em todos seus sentidos, havia sido desenvolvida por Hitler para espalhar suas crenças. Até que um professor me apresentou uma monografia de pós-graduação de 2003 que fala exatamente sobre isso. Após ler o trabalho pensei: “isso tem que ir para o LogoBR“. Depois de muita procura, encontrei o Vulmeron, gente finíssima que escreveu o trabalho e que me autorizou a postar no LogoBR.

Não tenho muito o que falar sobre o texto, apenas lendo pra entender o nível de informação que ali se encontra. O que posso falar é: muitas das técnicas usadas hoje na comunicação (visual, verbal, publicitária e etc) para persuadir as pessoas a compra ou a ações/sentimentos/opiniões foram desenvolvidas e/ou aperfeiçoadas por Hitler e Goebbels, seu Ministro da Propaganda.

Segue o link para download gratuito e autorizado da monografia do Vulmeron sobre a Propaganda Nazista.

E para não ficarmos apenas nos textos, segue abaixo um link sen-sa-ci-o-nal:

museu U.S. Holocaust Memorial Museum de Washington.

Esse site tem um incrível acervo com muitos dos posters utilizados na propaganda do Nazismo, videos de desfiles e discursos, fotos de jornais e livros e outros artfefatos. Simplesmente um bálsamo para quem anseia por conhecimento.

Não farei qualquer análise dos cartazes e seus designs. Esse trabalho já foi feito, de maneira excelente, por meu amigo e parceiro do LogoBR, Sabás do blog Woww. Dá uma lida lá também pois vale a pena. Tem um link para outros cartazes da mesma época (pré 2ª guerra) tanto da Alemanha quanto dos EUA que mostram como o design (aliado a planos de comunicação) era usado para se ter a opinião pública engajada num movimento, num partido ou a favor de uma guerra.

Quem tiver qualquer outro link que irá acrescentar conhecimento e conteúdo ao post, por favor, deixe nos comentários que incluirei no artigo o mais rápido possível, ok! 😉

E só para registrar: o intuito desse post é informar, nada mais. Queremos (eu e o Vulmeron) compartilhar conhecimento com vocês. Conhecimento sobre comunicação, design e histórico também. Somos completamente contra a qualquer tipo de preconceito e segregação. Refutamos todas as idéias pregadas por Hitler e seus malucos que, infelizmente, exterminaram com milhões de vidas. O intuito desse artigo é meramente INFORMATIVO. Entendido? =D

Valeu pessoal!



1 ano de LogoBR

maio 5, 2009
Amigos:
É com grande prazer e honra que veio até vocês nesse dia para nos congratularmos pois hoje, 05 de maio, o LogoBR completa 1 ano de vida.
Nesses 12 meses, muitas coisas aconteceram, laços e relacionamentos foram tecidos, prêmio e selos foram ganhos, parcerias frutificaram, outras nem tanto. Mas o mais importante é que, em sua proposta, o LogoBR conseguiu atingir além de seus objetivos. Se hoje esse blog pode ser considerado o 10º melhor blog de Design do Brasil é porque algo de bom ali foi feito. E não foi feito por mim, Daniel, mas por vocês amigos blogueiros, professores, estudantes, colaboradores, parceiros, entusiastas. Se o LogoBR pode ser considerado como “um dos padrinhos de profissão” de alguém (palavras de um colaborador) é porque algo de bom ali esta sendo encontrado.
Problemas tivemos, mas em todos encontramos alguma maneira de resolve-los e torná-los em ativos de crescimento, de amadurecimento e de autoconhecimento, seja das pessoas envolvidas como do próprio LogoBR em sua busca por ser reconhecido e tido como referência. Nesse segundo ano, queremos muito mais do que mais um blog, queremos muito mais do que mais um a falar do mesmo assunto. O que o LogoBR sempre irá cultivar, além de tudo, é seu relacionamento próximo com todos aqueles que lhe cercam e sempre prestar o melhor texto, o melhor esclarecimento, sempre prezando pela qualidade e pela informação exata buscando erguer o profissional (principalmente o brasileiro) e a profissão de Design em todas suas vertentes pois, como disse uma vez o Prof. Ivens Fontoura, “O Design é único e indivisível.”

Amigos:

É com grande prazer e honra que veio até vocês nesse dia para nos congratularmos pois hoje, 05 de maio, o LogoBR completa 1 ano de vida.

Nesses 12 meses, muitas coisas aconteceram, laços e relacionamentos foram tecidos, prêmio e selos foram ganhos, parcerias frutificaram, outras nem tanto. Mas o mais importante é que, em sua proposta, o LogoBR conseguiu atingir além de seus objetivos. Se hoje esse blog pode ser considerado o 10º melhor blog de Design do Brasil é porque algo de bom ali foi feito. E não foi feito por mim, Daniel, mas por vocês amigos blogueiros, professores, estudantes, colaboradores, parceiros, entusiastas. Se o LogoBR pode ser considerado como “um dos padrinhos de profissão” de alguém (palavras de um colaborador) é porque algo de bom ali esta sendo encontrado.

Problemas tivemos, mas em todos encontramos alguma maneira de resolve-los e torná-los em ativos de crescimento, de amadurecimento e de autoconhecimento, seja das pessoas envolvidas como do próprio LogoBR em sua busca por ser reconhecido e tido como referência. Nesse segundo ano, queremos muito mais do que mais um blog, queremos muito mais do que mais um a falar do mesmo assunto. O que o LogoBR sempre irá cultivar, além de tudo, é seu relacionamento próximo com todos aqueles que lhe cercam e sempre prestar o melhor texto, o melhor esclarecimento, sempre prezando pela qualidade e pela informação exata buscando erguer o profissional (principalmente o brasileiro) e a profissão de Design em todas suas vertentes pois, como disse uma vez o Prof. Ivens Fontoura, “O Design é único e indivisível.”

aniverEssa foto mostra nosso desejo de continuar aniversariando 😀 – CRÉDITO: Shaun

E esse mix não pode dar certo sem vocês. Se ele deu certo até agora é porque vocês assim o fizeram: leram, comentaram, criticaram, sugeriram, escreveram para o LogoBR, indicaram, compartilharam, twitaram, linkaram nos seus blogs; mandaram para o Digg, StumbleUpon, Delicious, FFFFound, iLovetypography, FriendFeed, Wikipedia e muitos outros. De alguma forma, fizeram o LogoBR conhecido e, de maneira única, abraçaram a maior missão do blog: disseminar conhecimento.

É por conta de vocês que hoje, o LogoBR pode completar 1 ano de vida com muitos ainda por vir. Mesmo ainda não tendo domínio próprio, mesmo ainda como visual simples, mesmo ainda tendo que se virar para postar em inglês, o LogoBR pode contemplar um imenso horizonte pois vocês, E SOMENTE VOCÊS, lhe proporciona isso.

Parabéns a cada um que nos ajudou a construir tudo isso, e que venha o ano 2!
Deixe sua mensagem ao LogoBR , sua sugestão, crítica ou uma piadinha. 😉 

Grande abraço
Deus os abençoe

Daniel Campos


Recursos avançados OpenType para fontes digitais

abril 15, 2009

Aloha!

É com grande prazer que hoje, depois de muitos meses desde o convite e a espera do trâmite legal, publico esse ótimo artigo sobre OpenType (que via esclarecer muitas dúvidas sobre essa tecnologia) escrito pelo typedesigner, professor universitário e amigo Gustavo Lassala.

Se vocês tiverem perguntas a serem feitas, deixem nos comentários que (ele nem sabe disso =) o Gustavo, na medida do possível, irá responder ta legal!

Mandem para seus amigos da faculdade e do trabalho, no Twitter, no Delicious e etc., esse artigo merece ser divulgado. Espero que gostem!

Grande abraço

====================

Recursos avançados OpenType para fontes digitais

O alfabeto latino possui 26 letras, considerando-se os caracteres de A até Z. Ao pensarmos em uma fonte digital, automaticamente reduzimos o pensamento a essa conta. No entanto, uma fonte digital é muito mais que isso. Acrescentando as maiúsculas e minúsculas dobramos o número de letras para 52. Como se não bastasse, temos ainda os acentos, números, frações, símbolos matemáticos, monetários e pontuações.

As primeiras fontes digitais faziam uso do Código Norte-Americano Padronizado de Intercâmbio de Informação (ASCII). Esse código permitia o acesso a 128 caracteres por intermédio do teclado. Desses, 33 não eram imprimíveis, serviam apenas como caracteres de controle – atualmente obsoletos, por se tratarem de comandos voltados a máquinas como Teletype e fitas de papel perfurado. O restante são caracteres imprimíveis e ajudaram a formar a base das codificações atuais.

 

Figura1 – Exemplo ASCII com  95 caracteres imprimíveis

 

A necessidade de suporte à diferentes sistemas de escrita, fez com que o sistema de codificação evoluísse por meio de padronizações, até o que conhecemos hoje como Unicode. Ele permite alocar até cem mil caracteres, facilitando a escrita de línguas como o húngaro, polonês, romeno, tcheco, turco, vietnamita e assim por diante.

 

Figura2 – Na seqüência: húngaro, polonês, romeno, tcheco, turco e vietnamita
 

 O Unicode também permite alocar em um mesmo arquivo, línguas latinas com o chinês, árabe, grego, cirílico, hebraico, etc. A essa altura você deve estar se perguntando: Mas para que vou precisar de tantos caracteres? Robert Bringhurst em seu livro “Elementos do Estilo Tipográfico” nos diz que essa quantidade toda de possibilidades serve para redatores, autores, tipógrafos e cidadãos comuns possam soletrar Dvořák, Miłosz, ou citar um verso de Sófocles ou Pushkin, ou até mesmo querer ler seus e-mails em um alfabeto não latino.

Pode-se dizer que uma fonte digital é um container de letras. Para definir uma sequência de letras para formar uma palavra, um programa qualquer de computador solicita a letra por meio do sistema operacional, que formaliza o pedido, entrando em contato com o Unicode de uma determinada fonte digital. Portanto, uma fonte digital é um software. O caminho de acesso para a letra depende do formato da fonte e do sistema operacional. Atualmente os formatos mais comuns no mercado são: TrueType, PostScript e OpenType.

O formato TrueType foi desenvolvido inicialmente pela Apple e contou com a colaboração da Microsoft. Ele foi criado para driblar os custos – caríssimos – de licenciamento do padrão PostScript  estabelecido pela Adobe. O TrueType armazena em um único arquivo informações para impressão e visualização em tela. Esse formato precisa de um arquivo específico para Mac ou Pc. Normalmente apresenta problemas de rasterização, não sendo muito indicado para geração de matrizes de impressão.

O formato PostScript foi criado para impressoras PostScript Tipo 1 e Rips pela Adobe. Cada fonte possui um arquivo para visualização em tela e outro para impressão. É necessário também um arquivo específico para Mac ou Pc. Os dois formatos de arquivo apresentados (TrueType e PostScript), podem conter no máximo 256 caracteres diferentes. Por está razão devem-se criar arquivos distintos para fontes com famílias muito extensas.

O formato OpenType, criado em conjunto pela Adobe e Microsoft como sucessor dos formatos anteriores, superou esse problema, permitindo alocar variações de estilo de uma família em um único arquivo – devido a sua grande capacidade de armazenamento de caracteres. A distribuidora de fontes FontShop nos mostra em seu site (www.fontshop.com) um exemplo concreto de eficiência do formato OpenType, comparando os arquivos da fonte FF Meta, criada pelo designer Erick Spiekermann.

 

Figura3 – Fonte digital FF Meta
 

A versão da FF Meta1 PostScript para Mac possui um pacote com 360 arquivos, pesando 23.6MB. A mesma fonte, agora chamada de FF Meta 1 OpenType Pro, possui 4 arquivos pesando 676KB. A empresa mostra que a redução de 360 para 4 arquivos, permite reduzir a possibilidade de perdas e conflitos de arquivo. Nesse aspecto o processo de uso de uma fonte nesse formato se torna algo muito mais simples.

 Os benefícios do formato Opentype não param por ai. Ele procura combinar características dos dois formatos anteriores e vai além. Possui natureza multi-plataforma, você pode usar o mesmo arquivo em Mac e PC, sem a necessidade de conversão. Permite também agregar recursos avançados como capitulares, ligaturas, caracteres alternativos, formas históricas, alinhamentos óticos, idiomas diferentes, automatização de frações, ordinais, alocar ornamentos, entre outros recursos. Para se ter uma idéia da gama de possibilidades que esse formato oferece, podemos citar o caso da fonte Champion Script Pro, da type foundry Grega Parachute que contempla 4280 caracteres, com os sistemas de escrita Latino, Cirílico e Grego, mais 27 recursos avançados OpenType, incluindo 117 ornamentos e molduras na mesma fonte.

A FontShop, constrói um paralelo visual interessante mostrando a versatilidade do formato OpenType, por meio de um infográfico – no site da empresa -, comparando o Opentype com o antigo formato PostScript. Ali é mostrado de um lado, uma fonte PostScript representada por uma porção de ferramentas separadas e uma fonte OpenType como um canivete Suiço.

Não obstante, devemos atentar para o fato de que os recursos avançados de uma fonte digital (OpenType Features) só funcionam nos softwares da Adobe, notadamente, a partir das versões CS. Os recursos OpenType, em geral, são ativados na janela Character e elencam uma gama limitada de funções que podem variar dependendo do software e da versão.

 

Figura4 – Palheta OpenType do software Indesign CS2

Os designers de fontes têm disponível, atualmente, mais de 120 pré-definições de recursos avançados fornecidos pela Microsoft e Adobe. Apesar dos softwares muitas vezes não fornecerem suporte para todos os recursos avançados (features) disponíveis no mercado, a tendência futura é de crescimento a esse suporte e aumento das alternativas de configuração. Nas próximas imagens vamos conferir alguns exemplos de recursos avançados OpenType em fontes disponíveis no mercado:

 

 Figura5 – Caracteres alternativos da fonte Montada – http://www.brtype.com

 

Figura6 – Ligaturas da fonte Boqueta – http://www.brtype.com

 

Figura7 – Automatização de frações da fonte Eklipse – http://www.nedertype.com

 

Figura8 – Números em estilo antigo da fonte Adriane – http://www.typefolio.com

 

Figura9 – Swash da fonte Jana Thork – http://www.outrasfontes.com

 

 O cenário apresentado exige uma mudança de postura do consumidor final de fontes digitais. A tecnologia atual permite que a composição tipográfica se torne algo dinâmico e personalizado, algo até então muito pouco explorado ou conhecido pelos designers gráficos em geral. O designer gráfico que antes atentava apenas para a escolha tipográfica adequada ao projeto e concentrava esforços na diagramação harmônica do conteúdo, hoje deve somar esforços para conhecer de modo aprofundado a fonte digital escolhida. E ao final da composição revisar o projeto buscando implementar os recursos avançados de forma criativa e inteligente.

As informações sobre fontes digitais podem ser conseguidas facilmente visitando sites de grandes distribuidoras internacionais como FontShop, Myfonts, Veer, t26, etc; outra forma é por meio do specimen da fonte – que apresenta o projeto e fornece indicações de uso -, ou até mesmo pesquisando pelo autor do  projeto.

Gustavo Lassala é type designer e professor da Universidade Mackenzie e São Judas. Distribui suas fontes digitais por meio da fundição BRtype