Na sexta-feira acabei iniciando uma conversa muito agradável pelo Facebook por conta de um link que postei. A conversa (entre eu e mais três amigos) foi tão bacana que resolvi trazer pra cá.
A história
O McDonald’s vende produtos que são riquíssimos em gorduras, sódio, açúcares e outras elementos não tão bacanas para a saúde. Até ai, tudo bem. Cada um consome o que quer e se não é enganado sobre o que o produto é realmente não há problema nenhum. Contudo, o McDonald’s é muito criticado por ter uma comunicação voltada para crianças, com comerciais durante programas infantis, vinculação da imagem de seus produtos com personagens que as crianças gostam e pelos brinquedos como “brinde” para os pequenos.
Nos últimos anos cresceu o numero de organizações que condenam tais ações. Mas, nessas últimas semanas, o coro dos “conta-junkfood” foi endossado por médicos que, através do site Letter To McDonald’s, pedem para que a marca de sanduiches aposente seu famoso personagem Ronald McDonald e todo seu marketing para crianças. A ação reverberou em diversos jornais importantes dos EUA, como o Chicago Tribune, LA Times e The Wall Street Journal.
O McDonald’s rechaçou tudo isso em nota oficial (que infelizmente não consegui encontrar na íntegra). Mas no trecho citado no Meio&Mensagem fica muito clara a posição/visão da empresa a respeito disso:
Como rosto da Ronald McDonald House Charities [organização da empresa que busca promover a saúde infantil], Ronald é um embaixador a serviço do bem, que dá mensagens importantes às crianças sobre segurança, alfabetização e um estilo de vida ativo e equilibrado.
Comentário
Meu questionamento no Facebook ao compartilhar essa matéria foi o seguinte: será que marcas com comportamentos tão altivos, prepotentes e mentirosos como esse ainda têm lugar no mundo?
Não acredito em marcas que usam de publicidade mentirosa tem um bom futuro. As marcas hoje tem um papel muito maior do que apenas fornecer produtos. Precisam se preocupar com questões além dessas. Investir em ações, produtos e experiências que fossem realmente benéficas a seus consumidores seria muito mais útil do que pegar esse dinheiro e gastar para dizer “Ronald é um embaixador a serviço do bem. Ele é o logotipo de uma charitie.” Todo mundo, com o mínimo de informação, sabe que isso é uma grande bobagem, um engana que eu gosto. Marcas precisam entender que elas não são o que elas mesmas dizem ser, elas são o que as pessoas dizem que são.
É claro que o McDonald’s vai lutar com unhas e dentes pelo Ronald, simplesmente porque ele e seus amigos (+ os brinquedos) formam os futuros adultos consumidores. E, em outras palavras, que se dane as gorduras, sódios e açúcares que as crianças que estão aprendendo a amar.
Hoje as pessoas não acreditam no que você diz, mas no que você faz.
Será que ainda temos lugar para marcas que apenas querem lucro, sem se preocupar com seu impacto na vida das pessoas, ou mesmo sobre o que elas pensam sobre isso?
Como é do saber de todos, no último dia 5 o LOGOBR completou 3 anos de vida. E, para comemorarmos essa data tão querida, estamos fazendo um mês de sorteios em parceria com algumas empresas que gostam do LOGOBR.
Essa já é a terceira semana e como o pessoal gosta muito de livros vamos em parceria com a Editora 2AB sortear mais dois.
O primeiro, Viver de Design, está em sua sexta edição. Revela detalhes da administração do dia-a-dia da nossa profissão, abrindo novos caminhos para a prática do design no país. O segundo é um lançamento. Naming é uma das primeira publicações sobre o tema no Brasil. Escrito pelo prof. Delano Rodrigues, ele busca mostrar caminhos de como se criar bons nomes para marcas. Esse ultimo está a caminho de minha casa, não vejo a hora de poder ler.
Como no sorteio de semana passada, um único ganhador vai levar essas duas gracinhas pra casa. Para isso é só ler o pequeno regulamente abaixo, completar a frase, tuitar e torcer!
PS: repare que desse vez será um pouco diferente =)
1- A repetição de tuites e links são uma violação as Regras de Uso do Twitter, além de comprometer a qualidade dos termos na busca;
2- Esse sorteio irá conceder ao ganhador um exemplar do livro Naming e um exemplar do livro Viver de Design, sendo uma cortesia da editora 2AB.
3- Para concorrer aos livros é necessário seguir o @LOGOBR e @2ABeditora no Twitter e tuitar a frase abaixo completando com o pior exemplo de naming que você já viu:
Ei @LOGOBR e @2ABeditora, os 2 livros serão meus! http://migre.me/4z6qD Ex. de naming ruim:
Na frente de “Ex. de naming ruim:” você completa com o pior exemplo de nome para uma empresa que você já viu.
4- Tuites que não estiverem completados devidamente como é pedido acima serão automaticamente desclassificados;
5- Os tuites deverão ser enviados até às 15h (horário de Brasília) da próxima sexta-feira (20 de maio de 2011);
6- Os tuites recebidos após a data e o horário acima estabelecidos estarão automaticamente desclassificados;
7- O resultado será anunciado logo após, com o ganhador sendo citado nos perfis @LOGOBR e @2ABeditora e posteriormente, com tudo confirmado, atualizaremos esse post com o link do sorteio;
8- Se o ganhador não estiver seguindo os perfis @LOGOBR e @2ABeditora será automaticamente desclassificado e um novo sorteio será realizado;
9- O ganhador, após anunciado, deverá enviar uma DM (mensagem) para @2ABeditora com seu email. A equipe da editora entrará em contato com o ganhador para envio de dados;
10- Caso o ganhador não entre em contato até às 12h de segunda-feira, 23 de maio, será desclassificado e um novo sorteio será anunciado e realizado;
10- Se for anunciado que um novo sorteio será feito, em hipótese nenhuma, o antigo ganhador receberá o prêmio;
11- O novo ganhador terá até as 12h do próximo dia útil ao sorteio para entrar em contato conforme descrito no ítem 9 do regulamento. Caso contrário, um novo sorteio será feito até que um dos participantes receba o prêmio;
12- Em nenhuma hipótese o ganhador poderá receber o valor do prêmio em dinheiro ou trocá-lo por qualquer outro tipo de bem, mesmo outros produtos da loja da editora 2AB;
13- O(a) vencedor(a) do concurso autoriza o uso do seu nome nos materiais de divulgação (fotos, citações via twitter e blog) da promoção e do curso sem ônus de espécie alguma para os seus organizadores;
14- Ao tuitar a mensagem da promoção, o participante estará concordando tacitamente com todas as normas contidas no presente regulamento e revogando quaisquer disposições contrárias.
Como é do saber de todos, no último dia 5 o LOGOBR completou 3 anos de vida. E, para comemorarmos essa data tão querida, estamos fazendo um mês de sorteios em parceria com algumas empresas que gostam do LOGOBR.
Essa semana teremos a honra de sortearmos dois títulos da nossa parceira de longa data editora Bookman.
Os dois títulos, A Empresa Orientada Pelo Design e The Brand Gap são de Marty Neumeier. O primeiro (que está na minha lista de espera para leitura) fala sobre a administração de empresa com uma cultura de inovação baseada no tão falado e estudado Design Thinking. O segundo fala sobre o abismo entre estratégia e criatividade que existe na gestão de marcas de muitas empresas e como superar esse “vão” em cinco etapas. Esse último é minha atual leitura diária e tenho que dizer: é um livro fantástico.
Repetindo: vamos sortear os dois livros, de uma vez só e para um único ganhador, pelo Twitter. Para participar é só dar uma olhada no rápido regulamento da promoção, tuitar e orar para sua divindade.
O regulamento
1- Apenas UM tuite já é necessário para participar do sorteio. Tuitar a mensagem várias vezes não aumenta suas chances. A repetição de tuites e links são uma violação as Regras de Uso do Twitter, além de comprometer a qualidade dos termos na busca;
2- Esse sorteio irá conceder ao ganhador no endereço de sua preferência, dentro do Brasil, os dois livros: The Brand Gap e A Empresa Orientada Pelo Design, sendo uma cortesia da editora Bookman.
3- Para concorrer aos livros é necessário seguir o @LOGOBR e @BookmanEditorano Twitter e tuitar a frase:
Não quero nem saber dos #3anos do @LOGOBR. Eu quero os dois livros da @BookmanEditora que irão sortear: http://migre.me/4v3KJ
4- Os tuites deverão ser enviados até às 13h (horário de Brasília) da próxima sexta-feira (13 de maio de 2011);
5- Os tuites recebidos após a data e o horário acima estabelecidos estarão automaticamente desclassificados;
6- O resultado será anunciado logo após, com o ganhador sendo citado nos perfis @LOGOBR e @BookmanEditora e posteriormente, com tudo confirmado, atualizaremos esse post com o link do sorteio;
7- Se o ganhador não estiver seguindo os perfis @LOGOBR e @BookmanEditora será automaticamente desclassificado e um novo sorteio será realizado;
8- O ganhador, após anunciado, deverá enviar uma DM (mensagem) para o perfil @BookmanEditora com seu email. A equipe da editora entrará em contato com o ganhador para envio de dados;
9- Caso o ganhador não entre em contato até às 12h de segunda-feira, 16 de maio, será desclassificado e um novo sorteio será anunciado e realizado;
10- Se for anunciado que um novo sorteio será feito, em hipótese nenhuma, o antigo ganhador receberá o prêmio;
11- O novo ganhador terá até as 12h do próximo dia útil ao sorteio para entrar em contato conforme descrito no ítem 8 do regulamento. Caso contrário, um novo sorteio será feito até que um dos participantes receba o prêmio;
12- Em nenhuma hipótese o ganhador poderá receber o valor do prêmio em dinheiro ou trocá-lo por qualquer outro tipo de bem, mesmo outros produtos da loja da editora Bookman;
13- O(a) vencedor(a) do concurso autoriza o uso do seu nome nos materiais de divulgação (fotos, citações via twitter e blog) da promoção e do curso sem ônus de espécie alguma para os seus organizadores;
14- Ao tuitar a mensagem da promoção, o participante estará concordando tacitamente com todas as normas contidas no presente regulamento e revogando quaisquer disposições contrárias.
Com muito prazer, no próximo dia 5 o LOGOBR completará 3 anos de vida. Muito trabalho, contratempos, posts e pesquisas. Mas principalmente, muitas conversas enriquecedoras. E esse sempre foi e continuará sendo o objetivo desse site: disseminar conhecimento.
Agradeço, primeiramente a Deus, e depois a todos vocês que passam por aqui. Vocês são a razão desse site ainda estar vivo, obrigado pelas cobranças, pelos elogios e principalmente pelas críticas. Saibam que é um prazer fazer parte disso. E que venham muitos anos! 🙂
E, diferente do que (não) fizemos ano passado, iremos ter um mês de comemorações. Posts especiais e sorteios todas as semanas. Por isso, estejam atentos. E primeiro sorteio começa agora.
O workshop
A Penso Eventos está organizando um workshop com Hugo Kovadloff para o mês de maio.
Hugo foi diretor da SAO por 10 anos, antiga divisão de design da DPZ; já trabalhou na NewcommBates (grupo de Roberto Justus) e hoje é diretor de criação na equipe de branding do GAD’.
Kovadloff apresentará todo o processo de concepção, criação e implementação de marcas e a metodologia utilizada pelo Gad’ para o desenvolvimento de projetos de branding. Claro, Ipiranga Química, CPFL Cultura e Vasp então entre os clientes que Kovadloff atendeu.
O workshop vai acontecer nos dias 13 e 14 de maio em Sorocaba/SP no hotel Shelton Inn. Para todas as informações, incluindo inscrições (se quiser garantir uma das limitadas vagas), basta acessar o site do evento. As inscrições terminam dia 8.
O sorteio
E o LOGOBR em parceria com a Penso Eventos sorteará um ingresso entre nosso leitores em comemoração aos 3 anos do site. Para concorrer, baste ler o curtíssimo regulamento, tuitar e torcer!
O regulamento: leia e participe!
1- Apenas UM tuite já é necessário para participar do sorteio. Tuitar a mensagem várias vezes não aumenta suas chances. A repetição de tuites e links são uma violação as Regras de Uso do Twitter, além de comprometer a qualidade dos termos na busca;
2- Esse sorteio irá conceder ao ganhador um ingresso para o workshop ministrado por Hugo Kovadloff nos dias 13 e 14 de maio no Shelton Inn em Sorocaba. Evento organizado pela Penso Eventos.
3- Para concorrer ao ingresso é necessário seguir o @LOGOBR e @pensoeventos no Twitter e tuitar a frase:
Eu sigo o @LOGOBR e @pensoeventos e vou ganhar o ingresso para o workshop com Hugo Kovadloff do GAD! http://migre.me/4pT7K
4- Os tuites deverão ser enviados até às 15h (horário de Brasília) da próxima quinta-feira (05 de maio de 2011);
5- Os tuites recebidos após a data e o horário acima estabelecidos estarão automaticamente desclassificados;
6- O resultado será anunciado logo após, com o ganhador sendo citado nos perfis @LOGOBR e @PensoEventos e posteriormente, com tudo confirmado, atualizaremos esse post com o link do sorteio;
7- Se o ganhador não estiver seguindo os perfis @LOGOBR e @PensoEventos será automaticamente desclassificado e um novo sorteio será realizado;
8- O ganhador, após anunciado, deverá enviar um email para eventos@pensodesign.com.br para concretização do sorteio e envio de dados do ganhador;
9- O prêmio se resumi ao ingresso para o workshop. Transporte até Sorocaba e/ou local do evento, estadia no hotel, alimentação ou quaisquer outros gastos são por conta do participante;
10- Em nenhuma hipótese os ganhadores poderão receber o valor do prêmio em dinheiro ou trocá-lo por qualquer outro tipo de bem;
11- A vaga no workshop será destinada ao dono do perfil sorteado, não podendo ser repassada, em nenhuma hipótese, para terceiros;
12- O(a) vencedor(a) do concurso autoriza o uso do seu nome nos materiais de divulgação (fotos, citações via twitter e blog) da promoção e do curso sem ônus de espécie alguma para os seus organizadores;
13- Ao tuitar a mensagem da promoção, o participante estará concordando tacitamente com todas as normas contidas no presente regulamento e revogando quaisquer disposições contrárias.
Boa sorte!
O ganhador
E o vencedor desse primeiro sorteio foi Renan Bolonha. Parabéns rapaz! Aqui o link do sorteio.
Esses dias atrás recebi um link do Felipe Tofani que me fez pensar em muitas coisas. Aliás, não somente eu,mas diversas pessoas pelo Twitter também deixaram suas impressões, opiniões e perguntas sobre a nova identidade visual do MIT Media Lab.
Fundado pelo professor Nicholas Negroponte do Massachusetts Institute of Technology em 1985, o MIT Media Lab é um dos mais reconhecidos centros de pesquisa do mundo. Seus funcionários trabalham em projetos que vão desde a interação humana com computadores até métodos de ensino para crianças e nanotecnologia. Provavelmente parte das mentes mais brilhantes dos nossos dias estão desenvolvendo suas pesquisas por lá.
E é para esse centro de pesquisas que o designer E Roon Kang e o estúdio The Green Eyl foram contratados para projetarem uma nova identidade visual.
O desenho faz alusão a três spots de luz que se encontram. Os designers então criaram um algoritmo que, baseado nos três spots mais 12 combinações de cores, criou nada mais do que 40 mil variações do logotipo. Não não, é isso mesmo: 40 MIL! O video abaixo dá uma noção de como tudo funciona.
A parte mais divertida: junto com tudo isso, foi criado uma aplicação web onde cada funcionário faz um login e lá escolhe uma das 40 mil opções. Depois da escolha feita, ninguém mais poderá usar aquela variação. Sim sim, o logo é exclusivo. Segundo algumas contas, isso dá ao MIT Media Lab mais ou menos 25 anos de cartões de visitas inéditos. Chique, não?
O desenho
“Combinação do cores mal feita, formas simples, gradientes de gosto duvidoso”. Algumas coisas que li sobre o logotipo. Olha, não posso discordar muito. Entretanto, quando se vai projetar um logotipo que você planeja 40 mil variações, formas e cores simples é quase que inevitável.
A combinação de azul, amarelo e vermelho me deu uma idéia de anos 80. Mas, apenas impressões como de qualquer outro ser humano. Contudo, tenho pensado ultimamente sobre essa questão do desenho numa identidade visual. Algumas conversas me fizeram ouvir coisas como “um logotipo tipográfico não funciona”. É claro que isso é uma bobagem (e assunto para outro artigo), mas essa frase vem do mesmo berço onde nascem outros conceitos, muitas vezes inconscientes, como por exemplo o de que logotipos que não tenham um desenho elaborado pertecem a uma categoria abaixo dos demais; ou que o designer que o fez não é um bom profissional. Frase como “até um macaco poderia fazer isso” são mais que presentes em muitas discussões (basta dar uma olhada nos comentários no BrandNew).
Muitas vezes, um logotipo é nulo sem estar incluso em seu mundo, em seu ambiente (o que chamamos de identidade visual). Um grande amigo, Emerson Duarte, uma vez me disse que muitas vezes um logotipo se resolve apenas em suas aplicações. Eu vou mais além: muitas vezes, um logotipo se resolve quando vemos ele trabalhando. E é bem isso que vemos acontecer. No movimento, na “inconstância constante” o logo do Media Lab revela sua personalidade. Seu carater visual não está em formas elaboradas, em combinações cromáticas modernas ou numa tipografia com extrema personalidade. Seu carater visual, aquilo que o identifica, é percebido por seu comportamento e não por traços imutáveis.
O desafio: ser mutante e reconhecível
O designer Dado Queiroz escreveu um email informal para amigos em 2010 falando sobre logos dinâmicos (mutantes, cambiantes, moving brand…). Coma permissão dele, publiquei aqui o texto pois, de alguma forma, achei pertinente ao assunto que estamos falando nesse post.
Há alguns meses escrevi um email a alguns amigos designers, com algumas observações pessoais sobre identidades dinâmicas. Deixo claro, antes de mais nada, que não há nada de novo no texto e que estou muito longe de ser um estudioso de branding. É só um apanhado de reflexões. Com isso dito:
Tenho pensado muito sobre identidades dinâmicas ultimamente e, com base numa pesquisa rápida e não muito concentrada que fiz hoje pela manhã, percebi que já é possível criar um logo verdadeiramente dinâmico.
Por exemplo, um logo que tenha a posição, forma, cor e transparência de seus elementos sempre variando (em movimento, mesmo) e influenciadas por variáveis externas, como o número de tweets sobre bicicleta os últimos 2 minutos ou a cor predominante em uma pesquisa no google images sobre o trending topics mundial ou fatores como umidade e temperatura atuais ou qualquer outra coisa (p.ex.: um countdown para um evento como a copa do mundo, a média de subida do nível do mar no mundo, o número de votos de um candidato ou até coisas mais focadas no usuário, usando dados de seus perfis online ou de configuração de sua máquina/celular/tablet… as possibilidades são infinitas). Ou seja, online o logo pode estar sempre se movendo (a partir de variáveis coletadas, como nos exemplos acima, ou arbitrárias, definidas por alguém) e, em casos estáticos como print e papelaria, pelo que entendi é possível “imprimir” o swf alimentado por esses dados dinâmicos para um arquivo vetorial, “congelando” as variações em um dado momento.
Isso muda completamente o processo de projeto de uma marca. Completamente. O pensamento passa por uma espécie de 4ª dimensão, que seria o fator dinâmico. Que elementos serão afetados e como? Quais os limites aceitáveis de variação que podem ocorrer sem comprometer o senso de identidade da marca?
Imagine um logo de refrigerante (que abrange tanto mídias digitais quanto tradicionais, impressões com restrições etc). Em serviços baseados na web, é possível ter uma identidade dinâmica em uma espécie de loop (mas não exatamente um loop, pois as coordenadas sempre estariam variando, dentro dos tais limites aceitáveis). Em motion graphics que sejam fechados em si mesmos, pode ser um loop com dados arbitrários, aleatórios (definidos no momento da exportação) ou por amostragem (por exemplo, num comercial direcionado ao público X, o logo morfa a partir de variáveis relacionadas a esse grupo na época em que o produto atingiu um pico de vendas entre este público). Em print, pode também variar de aplicação para aplicação. E mesmo nas embalagens. Enquanto não há embalagens feitas de algum tipo de material similar a um papel digital, cada lote de latas, por exemplo, pode sair com um logo específico. Cada região demográfica pode ter um logo ligeiramente diferente, e isso pode ser alimentado automaticamente no arquivo de saída da arte.
A tecnologia para tudo isso já existe ao alcance de qualquer um de nós. Existe também, porém, a dificuldade de se coordenar tudo isso dentro de um ambiente complexo como uma multinacional. Mas será que é tão mais complexo? E, o que me parece mais urgente, existe também a necessidade de pensar os novos paradigmas a respeito do que consiste um logo.
O iPad é o primeiro passo de alguma coisa que ainda não sabemos muito bem o que é. Mas o que importa é que é um passo inicial, de algo novo. Acho que nunca as premissas do que constitui um bom projeto de marca (e de design em geral) estiveram tão em aberto. Isso é legal. É a chance de redefinir nossa profissão todos os dias, em sintonia com a grande revolução digital que estamos vivendo. Muito mais legal do que ficar preso a um punhado de mandamentos que alguém escreveu há 50 ou 60 anos que, apesar de ainda terem grande valor, foram pensados para uma época onde os paradigmas e as formas de comunicação eram rudimentares, se comparados aos nossos.
Dado Queiroz
Sendo bem direto: não importa a variação que eu veja desse logo, vou sempre saber que é o MIT Media Lab. E esse é o desafio dos que arriscam transgredir as regras. Wolf Ollins faz isso brilhantemente. Seu projeto para a Aol. que o diga. O design para a Oi também. Eu e você conhecemos diversas pessoas que se simpatizam com a identidade da Oi e que a reconhecem, não importando sua variação.
Mas Daniel, a Oi tem variações que talvez não chegam a 15 ou 20. O MIT Media Lab tem 40mil!
Sim, mas quem disse que, para um logotipo dinâmico funcionar é necessário xis variações? Exagero, pela quantidade? Talvez. Mas o projeto permitia esse exagero.
MIT Media Lab, The Green Eyl, Richard The, Casa da Música e Stefan Sagmeister
Muitos dos que viram o design acima, com certeza, se lembraram do projeto de identidade visual que Stefan Sagmeister fez em 2007 para a Casa da Música, Portugal. Não só pelo lado “aleatório”, mas também pelo uso da tecnologia, pois no trabalho para a Casa da Musica também foi criado um software, que eles chamam de Logo Generator, para seleção das cores do logotipo dependendo da aplicação. Pois bem: Richard The, sócio do The Green Eyl, trabalhou como designer para e junto com Sagmeister de 2000 a 2010.
Aos que não conhecem o design que estou citando, segue o excelente video de apresentação (indico que o veja em HD no próprio Youtube).
A finalidade justifica tal projeto?
Algo que li no BrandNew e que, até então não havia pensado, é no fato desse logotipo não ser feito para o mercado.
Vamos lembrar do que falamos no artigo do logo para as Olimpíadas 2016: no fim das contas, quem decide se o design é bom é quem vai consumir tudo o que o logotipo vai estampar. Nesse caso do Media Lab, podemos usar a mesma ideia.
Pense bem: não haverão produtos em prateleiras com esse logo; não haverão comerciais durante o SuperBowl; o logo não tem que vender o Media Lab; o centro de pesquisa não precisa de uma comunicação constante com o mercado para poder ganhar dinheiro e se manter viva; o logo não tem que vender nada nem ninguém. Ele vende a si mesmo.
E esse pequeno detalhe faz a diferença no resultado. Os designers, nesse caso, puderem pensar e criar algo que, bem provavelmente, conceitos de branding recriminam. Chico Homem de Mello diz algo sobre isso em seu texto de 2010 sobre o que pensava vir no logo das Olimpíadas 2016 (aliás, artigo que indico muito a leitura):
(…) Em palavras mais fortes: um projeto surpreendente é inviabilizado pelos princípios do brandingque comandam o processo de escolha da marca. Quando digo que o milagre não virá, não estou duvidando da capacidade dos designers selecionados para desenvolver as propostas. O ponto é outro: acredito que esses mesmos designers seriam capazes de propor projetos muito mais contundentes e inovadores se não estivessem engessados pelas leis que regem o branding e seus estratégicos arredores.
(…)
E onde entra o branding nessa história? Ora, o branding não seria exatamente o campo de conhecimentos capaz de articular projetos com essa abrangência? Seria, mas não é.
O branding é fruto da lógica corporativa. Numa Olimpíada, estamos falando de esfera pública. Sempre é bom lembrar que nem tudo que é bom para o setor privado é bom para o setor público. (O que é bem diferente de dizer: ‘Se é bom para o setor privado, é ruim para o setor público’.) Aplicar o pensamento estratégico do branding na construção da identidade olímpica é projetar a lógica corporativa sobre a esfera pública.
No branding, não há espaço para a invenção; os resultados devem ser imediatos, objetivamente verificáveis. Melhor: mensuráveis. Ser mensurável é fundante no branding. Como a invenção não é mensurável…
Responderão os defensores do branding: “Errado! Um dos critérios a serem contabilizados na composição da nota de cada proposta é justamente a originalidade da solução’. Esse critério contempla a manifestação da invenção, devidamente colocada a serviço dos objetivos estratégicos a serem alcançados”.
Critérios, contabilização, nota… Isso mesmo, estamos de volta à mensurabilidade: um elenco de critérios, os mais objetivos possíveis, que são contabilizados numa nota final, com o objetivo de obter do público-alvo as respostas adequadas frente aos objetivos estratégicos pretendidos. Captei a mensagem. (…) LINK
PS: Antes de forma sua opinião sobre o que Homem de Mello disse, por favor, leia o artigo completo ok.
Guardadas proporções, estilos de trabalho, criação e contemplação do branding, concordo com o texto. E consigo aplicá-lo nesse caso do Media Lab.
O branding pode ser engessante. Talvez esse seja o paradigma a ser quebrado. Num projeto sem a necessidade de vender algo, as possibilidades se multiplicam, e ai o grande desafio não é ser criativo no fechado ambiente corporativo. É ser revolucionário num ambiente que pode permitir quase tudo. E, sem dúvida, isso é muito mais difícil.
Isso transgride o branding. Sim, mas revolução é bem por ai: transgressão de velhas verdades. Não sou coolhunter de logotipos mas acredito na evolução, em qualquer aspecto da existência humana. E é isso que nos conduz. A fotografia fez isso, o modernismo fez isso, o pós-modernismo fez isso, a Helvetica fez isso. Hoje, tudo o que fazemos, nossos próprios paradigmas, nossa cultura, nossas referências, nossas certezas, tudo isso é apenas uma síntese de 6mil anos de história. Com design não é diferente. Se é o futuro? Não sei. O que sei é que nada dura pra sempre. Até o que hoje consideramos o certo. Alguém vai transgredir isso em algum momento. E vai mostrar novos caminhos.
Eu sei que isso vai render uma boa conversa. Então, simbora comentar. O que pensam sobre isso?
PS: vale lembrar que o LOGOBR possui mais de 860 assinantes do feed nativo do WordPress, que continua a funcionar perfeitamente. Porém se você quiser mudar para o novo feed hospedado no FeedBurner que trás algumas opções a mais , basta se cadastrar novamente!