Designer Gráfico búlgaro, Stefan Kanchev é chamado de “o pai do design gráfico da Bulgaria”. Fez cartazes, capas de livros, embalagens e selos postais, mas é mundialmente conhecido por seu trabalho com logotipos. Segundo o site LogoDesignLove, foram mais de 1000 logotipos. A Wikipedia fala em mais de 1600!
Em 1994, foi reconhecido como um dos 10 melhores designers de logotipos do mundo, um honra que recebeu ao lado de Paul Rand e Saul Bass. Há alguns anos, designers da Bulgária criaram o site StefanKanchev.com para trazer ao público a rica história e a produção de Kanchev.
Agora, a melhor parte do post: em 2009, durante o Sofia Design Week, aconteceu uma exposição sobre a obra do grande designer. Entre tantos trabalhos, estavam muitas páginas dos sketchbooks de Kanchev. Então o pessoal do site LogoBlink fez o incrível trabalho de fotografar essas páginas e montar um PDF. Simplesmente fantástico! Basta clicar na imagem acima para abrir o PDF.
Postei no Issuu do LOGOBR. Para fazer o download, basta ir no link que indico lá, que na verdade é do site de quem fez o trabalho. Nada mais justo ok? 😉
A GAP, marca de roupas fundada em 1969 em São Francisco pelo casal Donald e Doris Fisher, mudou seu logo no início de outubro/2010, com um projeto da agência Laird+Partners. E como você deve saber, menos de 15 dias depois, voltou atrás jogando o novo logo no lixo e repatriando a antiga caixa azul. Nesse artigo, vamos tentar entender o porquê de Helvetica e o porquê de tanto movimento para se voltar ao antigo.
A agência e a Helvetica
Não há muito que comentar sobre a parte técnica do logotipo. Está em Helvetica e o quadrado azul virou um adorno sem sentido (segundo a defesa, é para remeter ao logo antigo). O que podemos fazer é tentar entender de onde ele surgiu.
Pela minha pesquisa, desde 2002 a GAP tem sua verba para publicidade nas mãos da badalada Laird+Partners, agência de Nova York especializada em comunicação para a fashion industry. Entre seus clientes estão Tommy Hilfiger, Donna Karan, Calvin Klein, Bottega Veneta e marcas de celebridades, como Beyoncé e Usher. Mas, pela quantidade de peças de cada cliente e pela própria disposição sequencial dos nomes, fica evidente que a GAP é a maior cliente da L+P.
Olhando o portfólio com mais calma, vemos Helvetica aparecendo aos poucos. Começou discretamente em 2003 na campanha Stretch, que apresentava uma nova calça. (Para levar a característica ‘leveza’ que provavelmente o produto possuia) foi usado o peso light. Muito pertinente.
Em 2005, aparece ela como parte forte da campanha Favotite: bold e em grandes tamanhos (o único senão é o péssimo kerning de A e V na primeira imagem.)
Em 2006, na estrondosa e muito comentada camapanha Keep It Simple, Helvetica aparece ao lado de Audrey Hepburn.
Mas é a partir de 2009 que a Helvetica aparece com tudo e em tudo na campanha Born to Fit em comemoração aos 40 anos da marca. Envolvendo anúncios impressos, folders, outdoors, fachadas e interiores de lojas. Tudo muito bem feito. Não pra menos, já que 40 anos são 40 anos.
PS: Confesso que essa coisa de fundo branco, textos grandes em Helvetica em preto me lembrou uma grande concorrente da GAP, a AmericanApparel. Mais alguem teve essa impressão?
E depois disso, em 2010, temos a campanha Put It In The Fit. E lá está nossa querida sans-serif de novo. E dessa vez, rolou até um site (mesmo sendo em Flash, é bem interessante).
Daniel, por que está mostrando essas campanhas em vez de falar do logotipo?
Talvez seja o que você está pesando. Posto que ninguém faz algo do nada (mesmo que pareça), tentei mostrar três coisas:
1 – O uso crescente e (aos meus olhos) de muito bom gosto da Helvetica na comunicação da GAP;
2 – A competência da L+P no que seu pessoal é especializado;
3 – A falta de competência da L+P no que seu pessoal não é especializado.
Como agência de propaganda com know-how em produtos/empresas fashion, a L+P faz muito bem seu trabalho. Direção de arte impecável, bom uso da tipografia, fotos belíssimas. Eles sabem vender seus clientes. Não é a toa que possuem uma carteira de dar inveja.
Contudo, veja o que foi feito com o logotipo da empresa. Como no caso da Copa 2014, isso só mostra que uma velha máxima da internet é real: cada um no seu quadrado.
Eu acredito que não se pode ser bom em tudo, e isso inclui as empresas. Por isso que existem especialidades. Por que a GAP contratrou uma agência especializado em moda para sua publicidade e não uma especializado em agronegócio? Tal critério de seleção deveria ter sido também aplicado para selecionar a empresa que cuidaria de seu redesign. Essa história de comunicação 360, comunicação plural, comunicação total, comunicação geral são eufemismos para “somos uma agência especializada em nada”. Salvo raras exceções. Se bem que a L+P não de posiciona como uma dessas. Pelo contrário, ela própria diz que é especializada no mundo fashion, e não em design de marcas. Mas enfim, existem muitas “forças desconhecidas” que atuam em tais projetos e que, no fim das contas, ditam e/ou influenciam no resultado, sem ser de forma técnica e fria, mas política e pessoal.
O logo, a GAP e a marca
Pode ser que um logo seja somente um logo quando este ainda é desenhado. Não existem valores, não existe personalidade, não existe experiência do usário/consumidor/cliente em torno dessa represetanção visual. Por conta disso, ele continua sendo apenas um desenho e não uma marca.
De forma simples, marca é a imagem que clintes, consumidores, fornecedores, funcionários e outros stakeholders possuem de uma empresa/produto. Essa imagem é formada por todos os tipos de contato que se tem com tal empresa/produto. Isso vai desde publicidade, até a experiência na hora da compra, no atendimento, no pós-venda, na embalagem, no engajamento além da venda e até na hora de abrir a embalagem (Apple que o diga).
O que parece é que a GAP não entendeu isso. Ela, e ninguém, jamais iria convencer seus consumidores do seu novo logo enquanto achar que seu antigo logo é somente um logo, um desenho que pode ser substituido a qualquer momento por qualquer outra coisa que acharem interessante. São 20 anos (do logo caixa azul) de publicidade, de comportamento, de relacionamento com seus clientes. O logo é o ídolo que remete a tudo isso. Se esse ídolo é profanado, seus adoradores sentem que tudo que ele respresenta também foi. De fato, a intenções da GAP Inc. ao reformular o logo da GAP eram as melhores possíveis. A empresa passa por um momento de mudanças e nada mais previsível que mudar o logotipo para mostrarem essa nova fase. Contudo, ou esse novo logo mantém tudo o que o antigo respresenta e mostra o novo tempo, ou tudo vai para o espaço. Em nossos dias, uma marca não é mais um domínio de quem a criou ou a detém, mas sim pertencente ao seu público e empresas que ignoram se dão mal. Essas, em algum momento percebem isso. A GAP, assim como a PepsiCo com seu suco Tropicana e a Coca-Cola com a New Coke (aqui e aqui), tiveram que mandar um Command + Z para se darem conta.
E o mais interessante é que uma das principais características do branding é fazer com que o consumidor percebe os valores da marca, passe a admira-los, te-los como seus próprios valores e a mostra-los com orgulho (nessa caso, em suas roupas). A GAP tinha tudo isso e simplesmente ignorou. Ou não sabia.
Enquanto isso, outras empresas torram milhões para tentar construir alguma coisa, mas se tal posicionamento é metiroso, é um tiro no pé. Ou se simplesmente só ficam falando de posicionamento e valores e se esquecem de ter ótimos produtos e serviços, como a Telefonica e seu péssimo e irritante “Melhorar Sempre” (convido meus amigos Luis Alt, Tennyson Pinheiro e quem mais desejar para fala sobre). Um outro exemplo bem brasileiro disso é o tal do “Branco do Planeta” do Bradesco. Não conheço um até hoje que tenha caido nessa, ou que passou a admirar o Bradesco por isso e ser seu cliente. Em contrapartida, conheço muitos que até hoje se lamentam pela venda do Banco Real, mesmo o Santander se esforçando em tentar convencer seus clientes que todos os atributos, posicionamento e ótimos serviços da marca Banco Real foram incorporados ao Santander. Mas isso é assunto para outro artigo.
A palavra do presidente
Desde que lançamos uma versão atualizada do nosso logotipo na semana passada em nosso site, temos visto uma enxurrada de comentários de clientes e da comunidade online de apoio ao logotipo da caixa azul.
Na semana passada, nós passamos a dar atenção a esse feedback e começamos a pensar como poderíamos aproveitar toda a paixão. Finalmente, nós aprendemos o quanto de energia existe em torno da nossa marca. Todas as estradas foram nos levando de volta para a caixa azul, então tomamos a decisão de não usar o novo logo em nosso site gap.com.
Na Gap, nossos clientes sempre estão em primeiro lugar. Nós fomos ouvindo e assistindo todos os comentários na semana passada. Nós ouvimos repetidas vezes que eles são apaixonados pelo nosso logotipo “caixa azul”, e que querem ele de volta. Então, nós tomamos a decisão de fazer exatamente isso – vamos trazê-lo de volta em todos os canais. (…)
Aprendemos muito neste processo. E nós estamos cientes que não fizemos isso do jeito certo. Reconhecemos que nós perdemos a oportunidade de se envolver ainda mais com a comunidade online. (…)
Haverá um tempo para evoluir o nosso logotipo, mas se e quando esse momento chegar, nós vamos lidar com isso de uma maneira diferente.
Marka Hansen, presidente da GAP North America Link original – Tradução livre
Interessante ler essa declaração do presidente da Gap. Lá ele comenta que os clientes diziam repetidas vezes que queriam seu logo de volta. Isso mostra que a ligação emocional com uma marca é talvez a grande alma de qualquer empresa/produto hoje. Essas pessoas não estavam pedindo seu logo de volta porque elas preferem tipografia serifada e um azul sólido e escuro. Elas o faziam porque aquele desenho, aquele design, aquela imagem representava algo na vida dessas pessoas, representava o que elas são, o que elas querem que os demais pensem sobre elas. Aquele logo, como muitos outros, é exibido como um selo que mostra a atitude e o modo de vida por qual esses clientes querem ser reconhecidos pelo mundo. Mais uma vez: um logo não é só um “desenho” depois de anos de publicidade, de relacionamento entre empresa/clientes. Se torna um ícone representativo de muitas emoções, idéias e ideais. Se torna uma bandeira. Ainda mais se tratando de um mercado como o da moda, onde a intríseca ligação emocional é perte fundamental para o sucesso de empresas/produtos. Tal mudança (feita da forma que aconteceu com a GAP), tavez não seria tão desastrosa para outros nichos do mercado, onde os clientes não usam dessa marca para dizer coisas tão pessoais.
O consumidor não está nem aí se a GAP está sofrendo de envelhecimento, se a concorrência está ganhando mercado ou qualquer outro tipo de problema. O que o consumidor quer são produtos de qualidade, valores que condizem como que ela pensa e/ou admira e um logo que represente tudo isso e que seja reconhecível por todos. Talvez seja necessário a GAP atualizar sua marca sim, como o próprio presidente sabe e disse, mas um projeto como esse é grande demais pra ser feito por não-especialistas, sem ouvir consumidores e se preocupando somente com a parte gráfica do logo.
Qualquer meio de comunicação que queira ter um conteúdo diferenciado tem que contar com uma boa rede de fontes e informantes. Dessa vez, esse ótimo manual que o LOGOBR irá compartilhar é fruto disso.
Estamos falando do brandbook da Nike Football, divisão futebolística da gigante dos esportes. Esse manual (em inglês) contempla diversos aspectos da marca, desde aplicações diversas do logotipo até cores, tipografia, fotografia, posicionamento, linguagem gráfica, PDVs, hierarquia de marcas, embalagens e outros.
Confesso que não consegui estudar esse manual inteiro, mas algo que gosto muito (além da tipografia, é claro) é como eles trabalham com as linhas diagonais. Mesmo sendo “moda” usar tal recurso gráfico, é bacana ver como a Nike incorporou isso em sua identidade. Claro que a Nike contrata os melhores estúdios/profissionais do mundo para seus jobs, mas isso não tira o mérito dos ótimos trabalhos. Aliás, todos os sites da Nike Football são demolidores. Não deixem de vistar um por um.
Uma aula de design de alto nível.
Como foi com o Brandbook do Carrefour, não vamos divulgar a fonte e, por pedido dela, não será habilitado o download. Conto com a compreensão de vocês. Mas fiquem tranquilos que o manual estará no Issuu do LOGOBR continuamente. Espero que gostem.
É um dos momentos mais emocionantes para mim, para a África e para o Brasil. LINK
Com essas palavras Nizan Guanaes classifica o dia 08 de julho de 2010, quando foi lançado oficialmente o logotipo da Copa do Mundo FIFA 2014. De fato! Pra mim também seria o dia mais emocionante se minha agência fizesse o logotipo de uma Copa. Grana, prestígio, mídia, mídia e mais mídia, mais clientes, entrar para história. Eu ficaria bem feliz mesmo.
Nizan fundou o Grupo ABC, um dos 20 maiores grupos de publicidade do mundo. Mas, voltamos a falar sobre Nizan e suas empresas na parte 2 do artigo. Vamos ao logotipo, sua forma, aplicações, protestos, outros projetos da mesma linha e etc.
PARTE 1: O DESIGN Forma
Agora que é oficial, podemos comentar e discutir o logotipo sob a luz do design e seus paradigmas.
“É uma porcaria”, diz Wollner em entrevista para o Terra Magazine sobre o logotipo. E não posso deixar de concordar. A idéia (por si mesma) até que é interessante pois, todos os jogadores de futebol do mundo sonham em levantar a Taça FIFA. É uma idéia bacana e não havia sido muito explorada ainda (somente o logo da Copa de 2002 que usa a taça como tema. Em 1966 e 1978 existem menções a ela). Contudo, uma boa idéia com execusão pobre fica apenas nisso, numa boa idéia. E, a meu ver, é o que acontece com esse logotipo. Simples assim. E não digo isso sob o prisma da estética, essa que se forma nos olhos de quem vê, mas sob o prisma do desenho.
Compartilho muito da visão da prof. Priscila Farias, da FAU-USP:
A ideia de utilizar formas que lembram mãos não é ruim, mas as formas estão terrivelmente mal resolvidas, e isso faz com que a figura, como um todo, pareça fraca, transmitindo a sensação de um desenho improvisado e pouco profissional, um tanto infantil e ingênuo, ao mesmo tempo sem a graça de um desenho de criança, ou a espontaneidade de algo genuinamente naif. Link
Para muitos não lembra uma taça mas sim alguém com a mão no rosto, com vergonha; outros veem mãos que seguram uma bola, essa, definitivamente, uma impressão que vai contra a regra mais básica do esporte que está representando. Um logotipo ao ser projetado deve ser visto sob todos os ângulos possíveis e ser levado em consideração qualquer interpretação do desenho. Claro que isso não significa que por uma ou outra o projeto não vá funcionar, mas deve-se ter lucidez disso, até para não passar vergonha na hora da apresentação ao cliente. Sabe aquela história de pegar o print do logo em diversos tamanhos, colar na parede e ficar observando por um tempo? Então… mas isso queridos é “mania desnecesária de designers”. Falando ainda sobre tamanhos, talvez o trabalho tenha sérios problemas em tamanhos diminutos. Veja:
E já, desde o começo, podemos ver problemas de reprodução. A Coca-Cola lançou uma latinha especial em comemoração a Copa por aqui. Olha que maravilha que o logotipo ficou:
Foi usado uma versão com um “sombreado branco” + outline no 2014. Mas com certeza tal aplicação foi prevista no Manual de Marca… certo? Aliás, alguém ouviu falar em manual? Quem precisa disso!
E antes que digam que pode existir limitação na reprodução em latinhas, pergunto: não é tarefa do designer (gente, DESIGNER!) levantar essas informações e projetar um logotipo que funcione em tais meios ou mesmo aplicações dignas?
Mas o que mais se perde é a tipografia. Com certeza o que tem de mais problemático nesse logo. Não existe, a meu ver, qualquer tratamento tipográfico no BrASil e muito menos no 2014. Vou arriscar dizer que não houve a menor preocupação com a tipografia, pois um typedesigner ou mesmo designer que preze por seu trabalho jamais usaria uma mistura de caixa-alta com caixa-baixa no nome do país com um L(éle) que não se sabe se é maiúsculo ou minúsculo, sem qualquer critério aparente.
Claro, hoje tudo é possível e todas as possibilidades são válidas, mas num evento desse porte, dessa importância, num job que, talvez, só se tem a oportunidade de fazer uma vez na vida, ter um (não menos que) excelente projeto tipográfico exclusivo é quase um dever. Qual o problema de se procurar a comunidade brasileira de typedesigners para tocar essa parte tão importante do projeto? Como sempre digo, temos tanta gente boa por aqui que fazer isso sozinho não se justifica. E esse talento e domínio brasileiro da técnica tipográfica é de tão alto nível que já é reconhecida internacionalmente. Só um exemplo: o tipo atualmente usado na comunicação da Adidas, incluindo as camisas das seleções patrocinadas pela marca, foi feita por um brasileiro, o Yomar Augusto. Repito: não se justifica, com o tamanho do projeto e da verba. Como Wollner comenta na entrevista, “o designer deve coordenar esses tipos de projetos”. Ele, mais que ninguém, saberá da importancia de se ter uma equipe especializada, com pessoas experts a frente de pontos diversos do projeto, buscando a maior qualidade possível. Esse é o papel de uma agência: agenciar.
Outro problema são os espaços em branco, mal trabalhados. Bons projetos levam isso em consideração, como no caso do TCC da Karina Campana, que vamos ver mais abaixo.
É um trabalho para entrar para história, para virar case dissecado por estudantes, para o designer e todos os participantes mostrarem para os netos e os netos mostrarem para seus netos com orgulho. É uma oportunidade imensurávelmente incrível para o designer e toda equipe, para a agência, para a história do Design nacional. Infelizmente tenho que responder ao Prof. João de Souza Leite (em seu artigo sobre o projeto em nome da ADG): visto desse prisma, sim, foi uma oportunidade desperdiçada.
E como se não bastasse, o Rodrigo do DesignFlakes encontrou essa imagem no ShutterStock que é, no mínimo, intrigante.
“Daniel, vamos fazer um protesto, site-blog-tumblr-concurso, abaixo assinado, vaquinha, fogueira, motim, rebelião…”
Sinto em dizer isso, mas o que nos resta é somente uma coisa: olhar para esse logo por quatro anos até nos acostumarmos e ele se tornar simpático. Sim, isso irá acontecer. E não adianta querer fazer rebelião digital, “spammizar” a caixa de emails da CBF e do Ricardo Teixeira. A FIFA é uma empresa privada, a Copa do Mundo é um evento de empresas privadas (apesar do envolvimento governamental) e, como toda empresa privada, ela escolhe a agência que quiser, o projeto que quiser sem se preocupar com nada. Essa é a magia do capitalismo e de seu princípio de propriedade particular que se extende a marcas. E também é só dar uma vasculhada na web que você encontra protestos como esse feitos na Alemanha na outra Copa e na Africa do Sul para essa última. Chorando ou não, esse é o logotipo para Copa 2014 e nada irá mudar isso.
Outros projetos esportivos Candidaturas para Copas de 2018 e 2002
Algo que não posso negar é a vocação para “não aceitação popular” que projetos como esse tem. Aconteceu o mesmo com os designs para Alemanha 2006 e Africa do Sul 2010, para as Olimpíadas de Vancouver 2010, Londres 2012 e Socchi 2014. Além disso, temos os logotipos das candidaturas para sedes das Copas de 2018 e 2022. Acredite ou não, TODOS os projetos geraram protestos em seus países. Fiz questão de pesquisar e ler sobre um por um na web (um dos motivos para a demora pra esse artigo sair). Não vou me prolongar nos comentários sobre cada um deles, pois isso estará num próximo artigo do LOGOBR (tem muita coisa para comentarmos hein!). Vejam:
Antes que alguém diga, “mas aquele ali não é o design feito pra candidatura dos EUA, ta errado”. Não não, está certíssimo. Aquele ali é sim o logo (???) da candidatura dos americanos. O que você deve estar pensando é naquele projeto colorido, com letras grandes e fundo escuro. Então, esse foi o projeto de identidade visual feito pelo humilde estúdio Pentagram. Sensacional. Mesmo com um logo ruim, o Pentagram salvou o visual da candidatura dos EUA. Para quem não viu, delicie-se:
Logo Euro 2012
Cansei de ver diversos blogs sobre design brasileiros noticiando que esse projeto para a Euro 2012 foi lançado alguns dias depois da final da Copa desse ano. Informação errada, que infelizmente o pessoal não tem o esforço de pesquisar antes de postar. Esse projeto, feito pelo mesmo estúdio portugues que fez o logo da Euro 2004, Brandia Central, foi lançado em dezembro de 2009. Infelizmente até hoje não consegui escrever sobre ele (com outros) e não será hoje que farei isso. Mas faço questão de deixar aqui pois é um design com uma execução sensacional. Vejam:
Esse aqui é o video de lançamento:
TCC Karina Campana e Cairê Uchôa
Karina Campanha é uma designer de São Paulo que, ao se formar em Design, fez, junto com seu amigo Cairê Uchôa, um TCC onde propunha um logo e uma identidade visual para a Copa 2014. Um trabalho fantástico. Lembra ali em cima quando cito o uso dos espaços em branco? Veja o que Karina e Cairê fazem com ele. Claro conhecimento e dominio das lei da Gestalt. E mesmo que não tenham pensado nisso, mostra que são dois (então) estudantes que tinham percepção e técnica para projetos de marcas. Não a toa que hoje a Karina é designer no escritório Sebastiany. Veja:
Mostrei esses outros designs feitos por alguns motivos: para que vejamos que se pode ter um logo com mãos que se entrelaçam e que formam uma taça sim, mas com uma execução digna; que se pode ter um ótimo projeto de design de logo, mesmo sendo feito por um recém formado; que quem entende, entende e faz bem feito; que quem não sabe fazer algo não deveria faze-lo, mas pelo contrário, procurar quem sabe; que projetos dessa envergadura sofrem críticas de qualquer maneira; mas que isso não é desculpa para se fazer qualquer coisa; que logos ruins, mal feitos, mal resolvidos, com pessimos conceitos e horríveis desenhos também são feitos além das fronteiras do Brasil; que ótimos logos, bem feitos e acabados, com conceitos fortíssimos, tipografia exclusiva, desenhos marcantes e execuções perfeitas também são feitos no Brasil; que quem faz publicidade deve se concentrar nisso, quem canta deve se concentrar nisso, quem escreve deve se concentrar nisso e quem faz design deve se concentrar nisso; de que sim, poderíamos ter tido um logotipo que fizesse jus ao Design pulsante que existe no Brasil, que, mesmo com todos os problemas, está formando designers de nível internacional; que, claro, iriam sacanear o Brasil por conta do logo; e, principalmente, que poderíamos haver mais ética, mais humildade.
Muitos dizem que não existe como fazer design de fato dentro de agências de publicidade ou, como gostam de falar, “360”. Concordo com isso. Contudo, temos ótimos exemplos mundo afora de agências que não centralizam tudo numa única equipe vinda, principalmente, da propaganda, mas que consegue AGENCIAR profissionais de diversas especialidades e montar equipes multidiciplinares, cada uma com seu espaço, seu peso, com respeito a todos os profissionais, jobs, espaços, prazos e métodos: dois exemplos rápidos:
1 – O design do logo da candidatura para sede das Copas de 2018 ou 2022 de Portugual e Espanha foi feito pelo escritório de Design e Arquitetura da Euro RSCG de Portugal. Além da divisão de Publicidade, Design e Arquitetura e eventos existem outras três;
2 – Design de marca para Abu Dhabi feito pela consultoria de branding RE, que é da M&CSaatchi.
Ok que são duas gigantes da comunicação e propaganda mundial, mas a Africa fica muito longe delas? De jeito nenhum! O Grupo ABC é 20º maior grupo de publicidade do mundo e dono de várias empresas especializadas que vão desde eventos e marketing esportivo até propaganda. O que impede de se ter uma consultoria em branding? Qual o problema disso?
Agora, nos resta esperar os materiais que serão desenvolvidos. Quem sabe isso não nos salva (como aconteceu com os EUA).
Mas e você, o que acham disso tudo?
PARTE 2: OS NEGÓCIOS ALÉM DO DESIGN
Talvez o grande trunfo do LOGOBR seja sua obstinação pela informação. Somente comentar sobre o logotipo seria pouco diante de tudo o que permeou essa história. O que vou falar agora é sobre informações que levantei na web. Não são coisas inventadas por mim ou por este blog, tampouco acusações a alguém. São fatos compilados e mostrados. Algo que qualquer um com o Google na mão pode ver. Meu objetivo: nos fazer pensar.
Abri esse artigo com a fala de Nizan quando chegou na solenidade onde foi lançado o logotipo da Copa 2014. Mas, voltemos um pouco nessa história. O que vocês lerão a seguir é a nota oficial da FIFA sobre o processo que resultou nesse logotipo.
Desde o primeiro segundo começam os momentos finais dramáticos; cada Copa do Mundo FIFA é resumida por sua identidade específica, uma única imagem que é projetada no mundo todo.
Um componente essencial dessa imagem é o Emblema Oficial que forma a base da identidade do evento. Para todos aqueles envolvidos com a competição até o momento de seu lançamento trata-se de uma referência única. Desde os fãs até os afiliados comerciais e cada pedaço da negociação do evento, esse emblema simboliza a associação com o evento principal de futebol e continua depois que já tenha acabado dentro do banco de memórias de cada pessoa envolvida nisto. Especialmente do país vencedor.
A função do Emblema Oficial é em fornecer uma representação forte e visual tanto para o evento e para o país que recebe o evento. Efetuar o design disto pode ser uma tarefa desafiadora. Como foi a situação inicial sobre a Copa do Mundo FIFA de 2014 quando a FIFA e o Comitê Organizador Brasileiro tiveram que analisar como configurar um país tão colorido e vibrante como o Brasil – um país com uma herança rica de cultura tradicional e ainda que está emergindo rapidamente como uma das economias mais influentes e modernas do mundo.
Para projetar essas dimensões similares – A modernidade e diversidade Brasileiras – A FIFA e a Comissão Organizadora do Brasil convidaram 25 agências no Brasil para enviar designs para o Emblema Oficial da competição de 2014. Mais de 125 idéias com emblemas foram recebidas na época do fechamento da data da competição e foram então revisados pela FIFA e pelo Comitê Organizador Brasileiro; portanto reduzidos a uma lista pequena de designs.
A tarefa de escolher o ganhador foi dada por um grupo de sete juízes altamente capacitados, selecionados pelo país organizador da Copa. Isso inclui uma das figuras mais influentes e modernas da arquitetura Brasileira, Oscar Niemeyer, o designer Hans Donner, a topmodel Gisele Bündchen, o autor Paulo Coelho, a cantor e atriz Ivete Sangalo assim como duas figuras importantes do futebol mundial, Ricardo Teixeira (Presidente da Federação Brasileira de Futebol e presidente do Comitê Organizador Brasileiro) e Jerome Valcke (Secretário Geral da FIFA).
Foi pedido aos juízes que classificassem os designs dando notas para um número de áreas. Assim como sua impressão geral, foi pedido a eles que avaliassem como isso transmitiria o espírito do Brasil e a ligação do país com a Copa do Mundo assim como avaliar a criatividade, mérito artístico e singularidade.
Quando o processo de julgamento terminou, todos os pontos foram somados e o design ganhador foi revelado: “Inspiração”, criado pela agência de design Brasileira, África.
A inspiração para este design vem da foto ícone de três mãos vitoriosas que trabalharam juntas para levantar o troféu mais famoso do mundo. Bem como descrever o uplifting da noção humanitária da interligação, a representação das mãos é o símbolo do verde e o amarelo do Brasil com as boas-vindas calorosas ao mundo para a costa brasileira.
A vitória e a união são os dois elementos chave que são, através das mãos, destacados no design. Embora a formação de uma ligação clara com as cores da bandeira nacional brasileira, as cores verde e amarelo também aludem a duas das mais fortes características da vida no Brasil – o dourado das praias e do sol refletiu no tom amarelo, com o verde que representa o interior tropical forte pelo que o Brasil é tão famoso. A combinação da forte imagem, a tipografia contemporânea e as cores impressionantes são extremamente eficazes em retratar uma nação moderna e diversificada. A representação viva do troféu do emblema é extremamente apropriada, tendo em conta as realizações proeminentes do Brasil sobre ter ganhado a Copa do Mundo em cinco ocasiões diferentes, mais do que qualquer outra nação.
A mensagem que fica clara é que a partir deste emblema é a idéia do vínculo exclusivo entre a FIFA, a Copa do Mundo FIFA e o Brasil, o país anfitrião da Copa do Mundo de 2014.
Tradução por Bárbara Silva. Texto original publicado no site oficial da Copa do Mundo FIFA 2014.
PS#1: não, você não leu errado e nem a Bárbara traduziu errado. A Africa foi mesmo classificado no artigo como “agência de design”.
PS#2: Vejam só: 25 agências enviaram mais de 125 propostas de logotipos. Isso dá mais de 5 propóstas por agência. Eles sabiam mesmo o que estavam fazendo…
PS#3: “altamente capacitados”? Não duvido disso, mas cada um no seu quadrado, certo? Seria Alexandre Wollner altamente capacitado para discutir como organizar a Copa com o sr. Jerome Valcke?
Isso aí é o que a FIFA (e com certeza a CBF também) conta sobre o processo de seleção do logotipo. Mas não foi o que apurou a imprensa brasileira e o que apurou este pequeno blog.
Em 11 de junho de 2010, o LOGOBR publicou um artigo sobre o então possível logotipo para a Copa de 2014. Segundo o que foi apurado pela imprensa e pelo LOGOBR, a FIFA tinha um acordo com a ADG. Essa, por sua vez, indicou os melhores escritórios de design do País para que enviassem sua proposta a FIFA. A ADG iria coordenar todo o processo. Após o envio das propóstas, a FIFA simplesmente disse que ninguém tinha tido atendido ao briefing (por questões que não posso revelar, infelizmente, mas que não foram técnicas), então se reservava no direito de fazer outro processo. A partir daí, nem ADG nem os escritórios de design ficaram mais sabendo do que rolava sobre o processo.
No texto oficial da FIFA, alguém viu alguma menção a ADG ou a esse processo cancelado? O que nos dá a entender ali é que esse “problema” com os escritórios brasileiros de marcas nem existiu.
A FIFA diz que convidou 25 agências para participar não é? Pois bem, um amigo meu, jornalista num grande veículo, me assegurou que grandes agências de São Paulo não participaram dessa tal concorrência. Lhe falei sobre o contrato de sigilo que a FIFA impoe sobre os participantes, mas ele me garantiu que sua fontes são confiáveis e que, de fato, agências ganhadoras de Cannes e com faturamentos milionários (ou seja, grandes agências) não participaram da tal concorrência. O próprio Marcelo Serpa disse que “adoraria ter participado” em seu Twitter.
Então, a África entra na jogada
A África é uma agência (de propaganda!) muito jovem mas que já está entre as melhores do Brasil. Fundada por Nizan Guanaes em 2002, ela já nasceu sendo parte do então recém fundado Grupo ABC, que hoje é um dos 20 maiores grupos de publicidade do mundo. Um Grupo com um “portifólio de empresas” completo. E com muito clientes. Grandes clientes.
Desviando o assunto um pouquinho, você sabe quem são os patrocinadores oficiais da seleção? No (péssimo e horrível) site da CBF, no rodapé, tem um marquee com as empresas. São elas: Vivo, Itaú, Nike, Guaraná Antarctica, Nestlé, Volkswagen, Seara, Gillete, Extra e Tam.
Pois bem. Um designer que trabalhou num dos projetos que a FIFA jogou pro alto disse ao iG que“(…) O que se sabe é que a Fifa e a CBF procuraram agências de publicidade que já trabalharam com elas ou com seus patrocinadores”. Confesso que isso me deixou bem intrigado, então fui eu dar uma pesquisa na web. O que encontrei é, no mínimo, intrigante:
O que me deixou intrigado? É que Africa, DM9DDB, Brasil1, B/Ferraz, ReUinion, Ludocca.MPM, Tudo e NewStyle, coincidentemente, são empresas do Grupo ABC.
Dai eu me pego pensando: seria boato mesmo essa história da FIFA e CBF terem levado o logotipo para a agência de seus patrocinadores? (Itaú, Brahma e Seara estão entre os patrocinadores da próxima Copa.)
O LOGOBR tem por missão o disseminar conhecimento. Os leitores mais antigos sabem que, se vamos falar de algum assunto que está sendo muito discutido, buscamos informações relevantes, que ainda não foram ditas, para que se justifique um novo artigo sobre um assunto que deve ter sido replicado em inúmeros blogs e sites. Por isso, esse post só vem ao ar hoje, oito dias depois que começou a ser escrito.
Esse ai é o logotipo para a Copa 2014, Brasil. Dado como furo pelo portal iG, o logo é uma alusão a três mãos que juntas formam a Taça FIFA. Somente com a imagem em preto e banco, o logo trazia o nome BRAZIL, usando “Z”. Ainda segundo o iG, ele seria usado em diversas cores. Claro, a web brasileira foi inundada por protestos. Comparações com Chico Xavier, roubalheira dos políticos e até com o ótimo projeto para a Euro 2012.
A coisa ficou mais feia algumas horas depois, quando o GloboEsporte.com divulgou o logo em cores, mas sem o nome BRAZIL. Dando a informação de que ele havia sido escolhido entre sete diferentes opções por um grupo de “notáveis”, sendo estes: o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, o secretário-executivo da FIFA, Jérôme Valcke, o arquiteto Oscar Niemeyer, o escritor Paulo Coelho, a cantora Ivete Sangalo, a modelo Gisele Bündchen e o designer Hans Donner.
Cheguei a ver semi-organizações de protestos com site e tudo mais. Blogs de design queriam lançar seus concursos para o envio de sugestões, de outro lado blog de publicidade lança seu concurso… virou um “auê“. Enqunato isso, informações importantes eram publicadas na web e poucos se davam conta disso. Tais informações foram publicadas de maneira espalhada, mas que se unidas formam inúmeras perguntas que tornam todo esse processo de “logo, escolha do logo, notáveis, Brazil e etc”, no mínimo, estranho e pouco explicado.
No dia 02 de junho, o Portal 2014 postou um artigo falando sobre o inconformismo dos designers brasileiros com o projeto. No fim do artigo cita que a ADG tinha um acordo com a FIFA para ela mesma coordenar o processo de escolha dos logos. Logo que li isso, tentei contato com a diretoria da ADG para falar mais sobre, pois, particularmente, eu nunca havia ouvido nada a respeito dessa missão da ADG e muito menos sobre um possível concurso entre escritórios brasileiros. Recebemos a seguinte resposta:
Estamos no momento aguardando um possível retorno da FIFA com mais informações para que possamos, caso contactados, dar alguma informação mas neste momento tudo que sabemos vem a ser o que tem sido circulado pela mídia e que não corresponde a informações oficiais e tem sido de uma maneira geral especulativas e incompletas.
Tudo o que temos conhecimento é relativo à uma primeira etapa do processo de seleção (informação publicada pela ADG), que foi cancelada pela FIFA e que, a partir de então, desenvolveu um novo e completo processo sem nosso conhecimento e participação, e sobre o qual não temos nenhum controle ou informação.
Caso a FIFA nos retorne com mais informações entraremos em contato.
Me enviaram junto o link onde foi publicado o processo de seleção dos escritórios. Como vocês podem ver, parece que foi um concorrência aberta. Contudo, alguém viu algum cronograma sobre o concurso ou qualquer outras informações que deixassem o processo mais transparente?
E mais: recebi a informação de alguém ligado a diretoria da ADG que, na verdade, a entidade indicou alguns top estúdios para que fizessem suas opções. Ou seja, não houve concorrência. Essa informação foi também publicada pelo portal iG, que fala sobre “agências convidadas”. Chega-se até cogitar que a CBF procurou as agências de seus patrocinadores.
Esse mesmo artigo coloca em xeque o “juri”de notáveis do logo, pois, segundo o iG, a CBF e a FIFA não confirmaram oficialmente isso. Contudo, o site especial para a Copa 2014 dentro do portal do Ministério do Turismo, publicou tudo isso.
E no último dia 10, a ADG soltou um comunicado oficial no seu site. Leia aqui.
Enquanto isso, no lustre do Castelo
Enquanto vemos essa bagunça que a FIFA fez por conta desse projeto, o Comitê Olímpico Internacional junto com o Comitê Rio 2016 dão um exemplo de transparencia em concorrências desse tipo.
Em 12 de abril, lançou o edital do concurso. Já nesse lançamento, havia todo o cronograma, regras, fases do processo e o que ia rolar em cada uma delas e até do valor que a agência vencedora iria receber. Tinha até o valor do pró-labore que as finalistas ainda irão receber para elaborarem suas propóstas. Tudo muito transparente.
Um exemplo de valor dado ao design e de transparência a ser seguido. Pelo menos no que tange o processo. E não vou nem comentar a visão que o Comitê Rio 2016 teve da importância de tal projeto ser feito aqui no Brasil.
Enfim…
Não quero colocar em xeque a integridade de ninguém, nem da FIFA, da CBF, da ADG e muito menos dos designers e estúdios envolvidos nessa história. Apenas quero colocar os fatos para que todos vanhamos pensar juntos.
A FIFA faz um concurso (que parece que não foi um concurso), coloca gente pra trabalhar pra depois, inexplicavelmente, jogar todo mundo fora da jogada e sem dar explicações. Algum tempo depois, me aparece a imagem de um logo registrado na Europa (na mesma entidade em que a CBF registrou o seu) com o nome Brazil (com Z!) e 2014 + a forma do Troféu FIFA (e sem estar dentro do padrão FIFA, com aquele selo da parte inferior até a lateral direita). Era claro que isso ia dar no que deu. E as coisas estranhas não param por ai: segundo as notícias, o tal logo foi feio por um escritório francês chamado Richard A. Buchel. Você chegou ver o que o Google apresenta numa busca por esse nome? Nada! Somente as notícias sobre esse logo. Como uma empresa que trabalha pra FIFA e UEFA não tem, no mínimo, uma “home-page”? Se fosse minha empresa, eu adoraria mostrar esses trabalhos (olha o ego =). Impossível não é, mas é um pouco estranho. No Pipl, que é uma espécie de Google de pessoas, eu achei esse nome, e junto dele uma tag interessante: “FIFA Marketing”.
Antes de falarmos da marca em si, sobre seu design e etc., fiz questão de correr atrás dessas informações pois… está tudo muito esquisito. E ao que tudo indica, somente no dia 08 de julho, data do lançamento oficial da Copa 2014, saberemos qual é a real (e quais são as especulações, que não devem ser poucas).
Nessa semana, uma fonte do LOGOBR que participou num dos projetos feitos aqui no Brasil para a FIFA (e que foram rejeitados), nos enviou uma imagem do briefing original, passado pela FIFA. Dá uma olhada.
Perceberam algo?
O logotipo que é (supostamente) o de 2014 não está de acordo com que o briefing pede. Falta o lettering inferior.
Isso pode colocar em xeque a tal imagem que está rolando por ai, não? Ou mesmo mostrar a falta de coerência da FIFA e provar que toda essa coisa de trazer a criação do logotipo aqui pro Brasil foi só história pra boi dormir.
PS: vale lembrar que o LOGOBR possui mais de 860 assinantes do feed nativo do WordPress, que continua a funcionar perfeitamente. Porém se você quiser mudar para o novo feed hospedado no FeedBurner que trás algumas opções a mais , basta se cadastrar novamente!