O salto de fé …

abril 5, 2011

– por Luis Alt

Caminho Nebuloso ...

Navegar na complexidade de projetos de inovação não é tarefa fácil. O maior problema é que quando procuramos criar algo novo e surpreendente, não sabemos no início qual será o resultado no final. O que escrevo parece algo simples e óbvio, mas a verdade é que não é. Se você, ao iniciar um projeto, sabe exatamente qual será seu resultado final, pode acreditar, ele não terá o impacto que está procurando e seu processo será inútil, pois você o tentará viciar para alcançar exatamente o que está querendo desde o começo.

Projetos de Design Gráfico ou até mesmo de Design de Produto deveriam utilizar a abordagem do Design Thinking, porém isso não é o que temos visto por onde passamos. Designers de produto até fazem pesquisa com usuários mas mais por aspectos ergonômicos e estéticos do que para entender exatamente como sua solução se encaixará na vida dessas pessoas. A prototipagem, quando acontece, é somente em estágios finais, para teste de conceito e avaliação estética, aprovação por parte da diretoria e desenvolvimento final dos engenheiros. Colaboração entre designer, usuário e cliente então é algo inexistente e essas pessoas, quando envolvidas, servem apenas de cobaias em focus groups que acontecem já nos estágios finais de validação e ajuste fino das ideias. Isso em um momento que já se gastou muito dinheiro e é tarde demais para voltar atrás… (Por favor, gostaria muito de ser corrigido neste aspecto e que me mostrem exemplos de projetos que me desmintam.)

Qualquer projeto, de qualquer área, conduzido por qualquer pessoa, deveria se abrir à possibilidade de navegar um pouco mais em águas de incerteza. Essa incerteza, desde que bem conduzida, aumentará seu nível de ansiedade durante mas garante grandes resultados ao final do projeto. Dê-se um tempo para conversar mais com os usuários, entender seus comportamentos e contexto de vida. Faça o mesmo com as pessoas que estarão associadas à entrega desse produto ou serviço que você está projetando e veja como elas podem ajudar você. Sei que não é tarefa fácil, mas um bom designer hoje não é um gênio que trabalha a portas fechadas e sim um profissional que consegue extrair de outras pessoas informações relevantes, as quais são conduzidas e processadas ao longo de uma controlada jornada caótica onde a complexidade dá lugar à simplicidade através de soluções relevantes.

Designers estão acostumados com grande parte desse processo, mas vejo que ainda falta o passo final: entender que eles estão ali para conduzir e dar sentido à informação adquirida com outros e estarem mais abertos a ter várias pessoas o ajudando em projetos. Se você fica preso em seu mundo, é bem provável que suas soluções não estejam alcançado todo seu potencial. Acredite no poder da empatia, colaboração e experimentação … no começo o salto de fé é grande mas os resultados lhe provarão que vale a pena viver e trabalhar assim.



Hannes von Döhren e SupriaSans

março 3, 2011

Aloha!

Depois de algum tempo tentando finamente consegui uma entrevista com o typedesigner Hannes von Döhren, classificado pelo MyFonts como “um dos mais versáteis e prolificos designers do site”. Pra quem não conhece o cara, ele é responsável por diversos projetos, entre eles ITC Chino, FF Basic Gothic (falamos dela aqui), Livory e Brandon Grotesque. Essa última foi a tipografia escolhida para o redesign do canal Comedy Central e está em segundo lugar na lista de best-sellers do MyFonts, só perdendo pra Helvetica; na mesma lista, temos a Livory. Ou seja, um grande profissional dos nossos tempos.

Hoje vamos falar da sua recém lançada big family Supria Sans, com 36 fontes no total.

LOGOBR – O que você pensava quando desenhou a Supria Sans? Que tipos de problemas queria resolver?
Hannes von Döhen – Supria Sans é uma grande família tipográfica que consiste em 36 pesos. Ela foi criada para resolver complexos problemas de design e tem a útil clareza do design tipográfico suíço. Curvas suaves e detalhamento fino transmite um carater mais fun à Supria Sans como um todo. Ela também possui versões condensadas que são 20% mais estreitas que o peso normal. Tudo isso faz da família uma “carregadora de piano do design”.

Quais foram suas inspirações para o desenho da fonte?
Supria Sans tem um feeling claro mas único, os pequenos detalhes são visíveis numa segunda olhada e mostram outro lado do projeto. Logo, a Supria Sans não é outro clone da Helvetica, ela tem uma personalidade própria que você pode descobrir observando as letras.

FF Basic Gothic (um projeto que você lançou poucas semanas antes) teve alguma influencia sobre a Supria Sans?
Basic Gothic tem formas abertas a uma arquitetura completamente diferente. Supria é mais fun, tem itálicos femininos e uma versão oblique mais convencional. Elas têm seus campos distintos de aplicação.

O site Fonts In Use postou um artigo sobre o constante uso da Helvetica no varejo norte-americano, onde 15 dos 20 principais varejistas dos EUA usam Helvetica em sua comunicação (link). O que você pensa desse uso excessivo da Helvetica no design gráfico com um todo?
Sim, a Helvetica é usada em todo lugar. Eu acho que é a tipografia mais famosa do mundo. Ela é muito versátil e é fácil criar marcas com ela. Isso formou um mundo em torna dela mesma, o que é realmente fascinante. Gosto da clareza do visual suíço e de como os designers usam isso. Mas se seu uso é sempre o mesmo, o design pode até funcionar, mas isso se torna entediante. Nós, typedesigners, fazemos novas tipografias para dar aos graphic designers o poder de criar diferentes imagens e sensações. Se todo mundo usa Helvetica do mesmo jeito ninguém vai perceber diferenças entre as marcas. Eu gosto mais da diversidade, é o que faz tudo mais interessante.

Por que comprar a Supria Sans?
(Antes de tudo: todo cliente que comprar a Supria Sans receberá alguns posters-specimens na faixa.) Supria Sans é uma alternativa bacana a Helvetica com uma cara contemporânea. Ela tem suporte para diversos idiomas, uma tipografia profissional. Lançada exclusivamente em OpenType, essas fontes vem com small caps, 5 tipos de numerais, setas e um extenso caracter set com suporte a línguas do centro, leste e oeste europeu.

 

 

TIPO: Supria Sans
FOUNDRY: HVD
PESOS: light, regular, medium, bold, heavy, black, condensed light, condensed regular, condensed, condensed bold, condensed heavy, condensed black + respectivos itálicos e obliques.
SPECIMEN: Download PDF
PREÇO: US$50,00 / peso
PROMOÇÃO: Preço especial para compra da família completa

Fonte: Artigo originalmente publicado na abcDesign