PS #1: antes de qualquer coisa, quero deixar claro que esse post não tem qualquer caráter político. Minha única intenção é comentar e discutir com vocês o design gráfico. APENAS ISSO.
PS #2: por um motivo que falo depois das imagens, eu havia desanimado de publicar esse artigo. Mas foram muitas cobranças, principalmente do @nathankinapp. E por total respeito a vocês e a minha promessa, trago o post ao ar. Mesmo que tardiamente, espero que gostem!
Aloha!
Em agosto de 2010, comecei a fazer uma coleta, com a ajuda do pessoal no Twitter, sobre o design gráfico feito durante a campanha eleitoral. Motivo e tema: obamização. Logotipos, símbolos, tipografia, sites, ilustrações e até slogans. Isso poderia ser uma ótima notícia para o design eleitoral brasileiro, vide o excelente trabalho que Sol Sender e a Mo/De, sob direção de Scott Thomas, fizeram para Obama. Poderia. O que vimos foram cópias descaradas, inspirações mal traduzidas, praticamente um show de horrores. E o pior: falta de identidade aos candidatos.
PS: haviam mais imagens, mas infelizmente algumas se perderam durante um trânsito de dados. Peço perdão.
Como podemos ver (e vimos durante quatro meses de 2010) a política brasileira foi atingida pela furacão da campanha de Obama. Mais que isso, foi embebedada. Logotipos circulares com horizontes, sites em azul, direção de arte em fotos, ilustrações, mais logotipos circulares.
O design gráfico deveria ser usado, no mínimo, para criar uma identidade visual às figuras públicas (e não apenas aos candidatos), mas nem isso foi feito. Exemplo: nas eleições, enquanto concorriam a novos cargos, candidatos desenharam novos sites (apesar de obamizados) até que interessantes. Com fim das eleições muitos desses não venceram, então voltaram ao seus antigos sites (alguns ruins e bagunçados). Sem contar que, na campanha tinham um logotipo e cores específicas. Depois com o fim, não se vê nada além de seus antigos sites com seus nomes escritos em Arial ou Times New Roman.
Enquanto isso, Obama mantém seu logotipo desde o fim de 2007 e vai usá-lo nas campanha de 2012. Uma verdadeira marca, que não deixa a desejar se comparada a qualquer empresa/produto/serviço.
Sem roupa própria
Um candidato deve ter uma identidade (e aí inclui-se a identidade visual) para ser identificado pelos eleitores. Para isso, a equipe de design lança mão de diversos elementos: cores, formas, tipografia, direção de fotografia e etc. Baseado nisso, vem meu questionamento: como candidatos que queiram conquistar novos eleitores se sujeitam a uma identidade que não é deles? Muito pior, se sujeitam a falta de identidade? Um exemplo foi um dos candidatos que tinha um logotipo no primeiro turno e, no segundo, mudou radicalmente e até adicionou um símbolo.
Claro, falar que somente logotipos, cores, tipografia, patterns e etc. fazem a identidade de um político é besteira. Isso é o que chamamos de Identidade Visual (manifestação gráfica de uma marca), e é uma parcela do que deve ser construido em torno de uma marca para que essa seja reconhecida, admirada, desejada, querida e, nesse caso, eleita. Mas antes tivesse sido esse o problema.
Navegar na complexidade de projetos de inovação não é tarefa fácil. O maior problema é que quando procuramos criar algo novo e surpreendente, não sabemos no início qual será o resultado no final. O que escrevo parece algo simples e óbvio, mas a verdade é que não é. Se você, ao iniciar um projeto, sabe exatamente qual será seu resultado final, pode acreditar, ele não terá o impacto que está procurando e seu processo será inútil, pois você o tentará viciar para alcançar exatamente o que está querendo desde o começo.
Projetos de Design Gráfico ou até mesmo de Design de Produto deveriam utilizar a abordagem do Design Thinking, porém isso não é o que temos visto por onde passamos. Designers de produto até fazem pesquisa com usuários mas mais por aspectos ergonômicos e estéticos do que para entender exatamente como sua solução se encaixará na vida dessas pessoas. A prototipagem, quando acontece, é somente em estágios finais, para teste de conceito e avaliação estética, aprovação por parte da diretoria e desenvolvimento final dos engenheiros. Colaboração entre designer, usuário e cliente então é algo inexistente e essas pessoas, quando envolvidas, servem apenas de cobaias em focus groups que acontecem já nos estágios finais de validação e ajuste fino das ideias. Isso em um momento que já se gastou muito dinheiro e é tarde demais para voltar atrás… (Por favor, gostaria muito de ser corrigido neste aspecto e que me mostrem exemplos de projetos que me desmintam.)
Qualquer projeto, de qualquer área, conduzido por qualquer pessoa, deveria se abrir à possibilidade de navegar um pouco mais em águas de incerteza. Essa incerteza, desde que bem conduzida, aumentará seu nível de ansiedade durante mas garante grandes resultados ao final do projeto. Dê-se um tempo para conversar mais com os usuários, entender seus comportamentos e contexto de vida. Faça o mesmo com as pessoas que estarão associadas à entrega desse produto ou serviço que você está projetando e veja como elas podem ajudar você. Sei que não é tarefa fácil, mas um bom designer hoje não é um gênio que trabalha a portas fechadas e sim um profissional que consegue extrair de outras pessoas informações relevantes, as quais são conduzidas e processadas ao longo de uma controlada jornada caótica onde a complexidade dá lugar à simplicidade através de soluções relevantes.
Designers estão acostumados com grande parte desse processo, mas vejo que ainda falta o passo final: entender que eles estão ali para conduzir e dar sentido à informação adquirida com outros e estarem mais abertos a ter várias pessoas o ajudando em projetos. Se você fica preso em seu mundo, é bem provável que suas soluções não estejam alcançado todo seu potencial. Acredite no poder da empatia, colaboração e experimentação … no começo o salto de fé é grande mas os resultados lhe provarão que vale a pena viver e trabalhar assim.
Esses dias atrás recebi um link do Felipe Tofani que me fez pensar em muitas coisas. Aliás, não somente eu,mas diversas pessoas pelo Twitter também deixaram suas impressões, opiniões e perguntas sobre a nova identidade visual do MIT Media Lab.
Fundado pelo professor Nicholas Negroponte do Massachusetts Institute of Technology em 1985, o MIT Media Lab é um dos mais reconhecidos centros de pesquisa do mundo. Seus funcionários trabalham em projetos que vão desde a interação humana com computadores até métodos de ensino para crianças e nanotecnologia. Provavelmente parte das mentes mais brilhantes dos nossos dias estão desenvolvendo suas pesquisas por lá.
E é para esse centro de pesquisas que o designer E Roon Kang e o estúdio The Green Eyl foram contratados para projetarem uma nova identidade visual.
O desenho faz alusão a três spots de luz que se encontram. Os designers então criaram um algoritmo que, baseado nos três spots mais 12 combinações de cores, criou nada mais do que 40 mil variações do logotipo. Não não, é isso mesmo: 40 MIL! O video abaixo dá uma noção de como tudo funciona.
A parte mais divertida: junto com tudo isso, foi criado uma aplicação web onde cada funcionário faz um login e lá escolhe uma das 40 mil opções. Depois da escolha feita, ninguém mais poderá usar aquela variação. Sim sim, o logo é exclusivo. Segundo algumas contas, isso dá ao MIT Media Lab mais ou menos 25 anos de cartões de visitas inéditos. Chique, não?
O desenho
“Combinação do cores mal feita, formas simples, gradientes de gosto duvidoso”. Algumas coisas que li sobre o logotipo. Olha, não posso discordar muito. Entretanto, quando se vai projetar um logotipo que você planeja 40 mil variações, formas e cores simples é quase que inevitável.
A combinação de azul, amarelo e vermelho me deu uma idéia de anos 80. Mas, apenas impressões como de qualquer outro ser humano. Contudo, tenho pensado ultimamente sobre essa questão do desenho numa identidade visual. Algumas conversas me fizeram ouvir coisas como “um logotipo tipográfico não funciona”. É claro que isso é uma bobagem (e assunto para outro artigo), mas essa frase vem do mesmo berço onde nascem outros conceitos, muitas vezes inconscientes, como por exemplo o de que logotipos que não tenham um desenho elaborado pertecem a uma categoria abaixo dos demais; ou que o designer que o fez não é um bom profissional. Frase como “até um macaco poderia fazer isso” são mais que presentes em muitas discussões (basta dar uma olhada nos comentários no BrandNew).
Muitas vezes, um logotipo é nulo sem estar incluso em seu mundo, em seu ambiente (o que chamamos de identidade visual). Um grande amigo, Emerson Duarte, uma vez me disse que muitas vezes um logotipo se resolve apenas em suas aplicações. Eu vou mais além: muitas vezes, um logotipo se resolve quando vemos ele trabalhando. E é bem isso que vemos acontecer. No movimento, na “inconstância constante” o logo do Media Lab revela sua personalidade. Seu carater visual não está em formas elaboradas, em combinações cromáticas modernas ou numa tipografia com extrema personalidade. Seu carater visual, aquilo que o identifica, é percebido por seu comportamento e não por traços imutáveis.
O desafio: ser mutante e reconhecível
O designer Dado Queiroz escreveu um email informal para amigos em 2010 falando sobre logos dinâmicos (mutantes, cambiantes, moving brand…). Coma permissão dele, publiquei aqui o texto pois, de alguma forma, achei pertinente ao assunto que estamos falando nesse post.
Há alguns meses escrevi um email a alguns amigos designers, com algumas observações pessoais sobre identidades dinâmicas. Deixo claro, antes de mais nada, que não há nada de novo no texto e que estou muito longe de ser um estudioso de branding. É só um apanhado de reflexões. Com isso dito:
Tenho pensado muito sobre identidades dinâmicas ultimamente e, com base numa pesquisa rápida e não muito concentrada que fiz hoje pela manhã, percebi que já é possível criar um logo verdadeiramente dinâmico.
Por exemplo, um logo que tenha a posição, forma, cor e transparência de seus elementos sempre variando (em movimento, mesmo) e influenciadas por variáveis externas, como o número de tweets sobre bicicleta os últimos 2 minutos ou a cor predominante em uma pesquisa no google images sobre o trending topics mundial ou fatores como umidade e temperatura atuais ou qualquer outra coisa (p.ex.: um countdown para um evento como a copa do mundo, a média de subida do nível do mar no mundo, o número de votos de um candidato ou até coisas mais focadas no usuário, usando dados de seus perfis online ou de configuração de sua máquina/celular/tablet… as possibilidades são infinitas). Ou seja, online o logo pode estar sempre se movendo (a partir de variáveis coletadas, como nos exemplos acima, ou arbitrárias, definidas por alguém) e, em casos estáticos como print e papelaria, pelo que entendi é possível “imprimir” o swf alimentado por esses dados dinâmicos para um arquivo vetorial, “congelando” as variações em um dado momento.
Isso muda completamente o processo de projeto de uma marca. Completamente. O pensamento passa por uma espécie de 4ª dimensão, que seria o fator dinâmico. Que elementos serão afetados e como? Quais os limites aceitáveis de variação que podem ocorrer sem comprometer o senso de identidade da marca?
Imagine um logo de refrigerante (que abrange tanto mídias digitais quanto tradicionais, impressões com restrições etc). Em serviços baseados na web, é possível ter uma identidade dinâmica em uma espécie de loop (mas não exatamente um loop, pois as coordenadas sempre estariam variando, dentro dos tais limites aceitáveis). Em motion graphics que sejam fechados em si mesmos, pode ser um loop com dados arbitrários, aleatórios (definidos no momento da exportação) ou por amostragem (por exemplo, num comercial direcionado ao público X, o logo morfa a partir de variáveis relacionadas a esse grupo na época em que o produto atingiu um pico de vendas entre este público). Em print, pode também variar de aplicação para aplicação. E mesmo nas embalagens. Enquanto não há embalagens feitas de algum tipo de material similar a um papel digital, cada lote de latas, por exemplo, pode sair com um logo específico. Cada região demográfica pode ter um logo ligeiramente diferente, e isso pode ser alimentado automaticamente no arquivo de saída da arte.
A tecnologia para tudo isso já existe ao alcance de qualquer um de nós. Existe também, porém, a dificuldade de se coordenar tudo isso dentro de um ambiente complexo como uma multinacional. Mas será que é tão mais complexo? E, o que me parece mais urgente, existe também a necessidade de pensar os novos paradigmas a respeito do que consiste um logo.
O iPad é o primeiro passo de alguma coisa que ainda não sabemos muito bem o que é. Mas o que importa é que é um passo inicial, de algo novo. Acho que nunca as premissas do que constitui um bom projeto de marca (e de design em geral) estiveram tão em aberto. Isso é legal. É a chance de redefinir nossa profissão todos os dias, em sintonia com a grande revolução digital que estamos vivendo. Muito mais legal do que ficar preso a um punhado de mandamentos que alguém escreveu há 50 ou 60 anos que, apesar de ainda terem grande valor, foram pensados para uma época onde os paradigmas e as formas de comunicação eram rudimentares, se comparados aos nossos.
Dado Queiroz
Sendo bem direto: não importa a variação que eu veja desse logo, vou sempre saber que é o MIT Media Lab. E esse é o desafio dos que arriscam transgredir as regras. Wolf Ollins faz isso brilhantemente. Seu projeto para a Aol. que o diga. O design para a Oi também. Eu e você conhecemos diversas pessoas que se simpatizam com a identidade da Oi e que a reconhecem, não importando sua variação.
Mas Daniel, a Oi tem variações que talvez não chegam a 15 ou 20. O MIT Media Lab tem 40mil!
Sim, mas quem disse que, para um logotipo dinâmico funcionar é necessário xis variações? Exagero, pela quantidade? Talvez. Mas o projeto permitia esse exagero.
MIT Media Lab, The Green Eyl, Richard The, Casa da Música e Stefan Sagmeister
Muitos dos que viram o design acima, com certeza, se lembraram do projeto de identidade visual que Stefan Sagmeister fez em 2007 para a Casa da Música, Portugal. Não só pelo lado “aleatório”, mas também pelo uso da tecnologia, pois no trabalho para a Casa da Musica também foi criado um software, que eles chamam de Logo Generator, para seleção das cores do logotipo dependendo da aplicação. Pois bem: Richard The, sócio do The Green Eyl, trabalhou como designer para e junto com Sagmeister de 2000 a 2010.
Aos que não conhecem o design que estou citando, segue o excelente video de apresentação (indico que o veja em HD no próprio Youtube).
A finalidade justifica tal projeto?
Algo que li no BrandNew e que, até então não havia pensado, é no fato desse logotipo não ser feito para o mercado.
Vamos lembrar do que falamos no artigo do logo para as Olimpíadas 2016: no fim das contas, quem decide se o design é bom é quem vai consumir tudo o que o logotipo vai estampar. Nesse caso do Media Lab, podemos usar a mesma ideia.
Pense bem: não haverão produtos em prateleiras com esse logo; não haverão comerciais durante o SuperBowl; o logo não tem que vender o Media Lab; o centro de pesquisa não precisa de uma comunicação constante com o mercado para poder ganhar dinheiro e se manter viva; o logo não tem que vender nada nem ninguém. Ele vende a si mesmo.
E esse pequeno detalhe faz a diferença no resultado. Os designers, nesse caso, puderem pensar e criar algo que, bem provavelmente, conceitos de branding recriminam. Chico Homem de Mello diz algo sobre isso em seu texto de 2010 sobre o que pensava vir no logo das Olimpíadas 2016 (aliás, artigo que indico muito a leitura):
(…) Em palavras mais fortes: um projeto surpreendente é inviabilizado pelos princípios do brandingque comandam o processo de escolha da marca. Quando digo que o milagre não virá, não estou duvidando da capacidade dos designers selecionados para desenvolver as propostas. O ponto é outro: acredito que esses mesmos designers seriam capazes de propor projetos muito mais contundentes e inovadores se não estivessem engessados pelas leis que regem o branding e seus estratégicos arredores.
(…)
E onde entra o branding nessa história? Ora, o branding não seria exatamente o campo de conhecimentos capaz de articular projetos com essa abrangência? Seria, mas não é.
O branding é fruto da lógica corporativa. Numa Olimpíada, estamos falando de esfera pública. Sempre é bom lembrar que nem tudo que é bom para o setor privado é bom para o setor público. (O que é bem diferente de dizer: ‘Se é bom para o setor privado, é ruim para o setor público’.) Aplicar o pensamento estratégico do branding na construção da identidade olímpica é projetar a lógica corporativa sobre a esfera pública.
No branding, não há espaço para a invenção; os resultados devem ser imediatos, objetivamente verificáveis. Melhor: mensuráveis. Ser mensurável é fundante no branding. Como a invenção não é mensurável…
Responderão os defensores do branding: “Errado! Um dos critérios a serem contabilizados na composição da nota de cada proposta é justamente a originalidade da solução’. Esse critério contempla a manifestação da invenção, devidamente colocada a serviço dos objetivos estratégicos a serem alcançados”.
Critérios, contabilização, nota… Isso mesmo, estamos de volta à mensurabilidade: um elenco de critérios, os mais objetivos possíveis, que são contabilizados numa nota final, com o objetivo de obter do público-alvo as respostas adequadas frente aos objetivos estratégicos pretendidos. Captei a mensagem. (…) LINK
PS: Antes de forma sua opinião sobre o que Homem de Mello disse, por favor, leia o artigo completo ok.
Guardadas proporções, estilos de trabalho, criação e contemplação do branding, concordo com o texto. E consigo aplicá-lo nesse caso do Media Lab.
O branding pode ser engessante. Talvez esse seja o paradigma a ser quebrado. Num projeto sem a necessidade de vender algo, as possibilidades se multiplicam, e ai o grande desafio não é ser criativo no fechado ambiente corporativo. É ser revolucionário num ambiente que pode permitir quase tudo. E, sem dúvida, isso é muito mais difícil.
Isso transgride o branding. Sim, mas revolução é bem por ai: transgressão de velhas verdades. Não sou coolhunter de logotipos mas acredito na evolução, em qualquer aspecto da existência humana. E é isso que nos conduz. A fotografia fez isso, o modernismo fez isso, o pós-modernismo fez isso, a Helvetica fez isso. Hoje, tudo o que fazemos, nossos próprios paradigmas, nossa cultura, nossas referências, nossas certezas, tudo isso é apenas uma síntese de 6mil anos de história. Com design não é diferente. Se é o futuro? Não sei. O que sei é que nada dura pra sempre. Até o que hoje consideramos o certo. Alguém vai transgredir isso em algum momento. E vai mostrar novos caminhos.
Eu sei que isso vai render uma boa conversa. Então, simbora comentar. O que pensam sobre isso?
Depois de algum tempo tentando finamente consegui uma entrevista com o typedesigner Hannes von Döhren, classificado pelo MyFonts como “um dos mais versáteis e prolificos designers do site”. Pra quem não conhece o cara, ele é responsável por diversos projetos, entre eles ITC Chino, FF Basic Gothic (falamos dela aqui), Livory e Brandon Grotesque. Essa última foi a tipografia escolhida para o redesign do canal Comedy Central e está em segundo lugar na lista de best-sellers do MyFonts, só perdendo pra Helvetica; na mesma lista, temos a Livory. Ou seja, um grande profissional dos nossos tempos.
Hoje vamos falar da sua recém lançada big family Supria Sans, com 36 fontes no total.
LOGOBR – O que você pensava quando desenhou a Supria Sans? Que tipos de problemas queria resolver? Hannes von Döhen – Supria Sans é uma grande família tipográfica que consiste em 36 pesos. Ela foi criada para resolver complexos problemas de design e tem a útil clareza do design tipográfico suíço. Curvas suaves e detalhamento fino transmite um carater mais fun à Supria Sans como um todo. Ela também possui versões condensadas que são 20% mais estreitas que o peso normal. Tudo isso faz da família uma “carregadora de piano do design”.
Quais foram suas inspirações para o desenho da fonte? Supria Sans tem um feeling claro mas único, os pequenos detalhes são visíveis numa segunda olhada e mostram outro lado do projeto. Logo, a Supria Sans não é outro clone da Helvetica, ela tem uma personalidade própria que você pode descobrir observando as letras.
FF Basic Gothic (um projeto que você lançou poucas semanas antes) teve alguma influencia sobre a Supria Sans? Basic Gothic tem formas abertas a uma arquitetura completamente diferente. Supria é mais fun, tem itálicos femininos e uma versão oblique mais convencional. Elas têm seus campos distintos de aplicação.
O site Fonts In Use postou um artigo sobre o constante uso da Helvetica no varejo norte-americano, onde 15 dos 20 principais varejistas dos EUA usam Helvetica em sua comunicação (link). O que você pensa desse uso excessivo da Helvetica no design gráfico com um todo? Sim, a Helvetica é usada em todo lugar. Eu acho que é a tipografia mais famosa do mundo. Ela é muito versátil e é fácil criar marcas com ela. Isso formou um mundo em torna dela mesma, o que é realmente fascinante. Gosto da clareza do visual suíço e de como os designers usam isso. Mas se seu uso é sempre o mesmo, o design pode até funcionar, mas isso se torna entediante. Nós, typedesigners, fazemos novas tipografias para dar aos graphic designers o poder de criar diferentes imagens e sensações. Se todo mundo usa Helvetica do mesmo jeito ninguém vai perceber diferenças entre as marcas. Eu gosto mais da diversidade, é o que faz tudo mais interessante.
Por que comprar a Supria Sans? (Antes de tudo: todo cliente que comprar a Supria Sans receberá alguns posters-specimens na faixa.) Supria Sans é uma alternativa bacana a Helvetica com uma cara contemporânea. Ela tem suporte para diversos idiomas, uma tipografia profissional. Lançada exclusivamente em OpenType, essas fontes vem com small caps, 5 tipos de numerais, setas e um extenso caracter set com suporte a línguas do centro, leste e oeste europeu.
TIPO: Supria Sans FOUNDRY: HVD PESOS: light, regular, medium, bold, heavy, black, condensed light, condensed regular, condensed, condensed bold, condensed heavy, condensed black + respectivos itálicos e obliques. SPECIMEN: Download PDF PREÇO: US$50,00 / peso PROMOÇÃO: Preço especial para compra da família completa
Fonte: Artigo originalmente publicado na abcDesign
Designer Gráfico búlgaro, Stefan Kanchev é chamado de “o pai do design gráfico da Bulgaria”. Fez cartazes, capas de livros, embalagens e selos postais, mas é mundialmente conhecido por seu trabalho com logotipos. Segundo o site LogoDesignLove, foram mais de 1000 logotipos. A Wikipedia fala em mais de 1600!
Em 1994, foi reconhecido como um dos 10 melhores designers de logotipos do mundo, um honra que recebeu ao lado de Paul Rand e Saul Bass. Há alguns anos, designers da Bulgária criaram o site StefanKanchev.com para trazer ao público a rica história e a produção de Kanchev.
Agora, a melhor parte do post: em 2009, durante o Sofia Design Week, aconteceu uma exposição sobre a obra do grande designer. Entre tantos trabalhos, estavam muitas páginas dos sketchbooks de Kanchev. Então o pessoal do site LogoBlink fez o incrível trabalho de fotografar essas páginas e montar um PDF. Simplesmente fantástico! Basta clicar na imagem acima para abrir o PDF.
Postei no Issuu do LOGOBR. Para fazer o download, basta ir no link que indico lá, que na verdade é do site de quem fez o trabalho. Nada mais justo ok? 😉
PS: vale lembrar que o LOGOBR possui mais de 860 assinantes do feed nativo do WordPress, que continua a funcionar perfeitamente. Porém se você quiser mudar para o novo feed hospedado no FeedBurner que trás algumas opções a mais , basta se cadastrar novamente!